Criatividade em loja de produtos portugueses para continuar a servir

A loja Portugal Imports, que vende produtos tipicamente portugueses na comunidade luso-americana de Artesia, condado de Los Angeles, está a criar novos formatos de venda para continuar a servir durante a pandemia de Covid-19.

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Lusa
23/03/2020 08:32 ‧ 23/03/2020 por Lusa

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Covid-19

 

O estabelecimento, onde os clientes habituais encontram azeite, chouriço, bacalhau, sardinhas enlatadas, doce de abóbora, marmelada e outras iguarias, criou uma loja virtual temporária para os habitantes locais poderem encomendar, pagar e levantar as mercearias à porta da loja.

"Vamos transitar para estarmos fechados um ou dois dias por semana", explicou à Lusa Melissa Costa, que detém a loja com o marido Marco Costa.

É um formato diferente da loja online que já operam há alguns anos e que cobra portes de envio e segue pelos serviços postais. "Esta loja Square estamos a fazer para os locais, para virem buscar ou entregarmos a quem não se possa deslocar, só para Artesia", disse Melissa Costa. A ideia será também selecionar um dia por semana para fazerem entregas pessoalmente aos clientes que estão confinados às suas casas.

Artesia tem uma comunidade de alguns milhares de luso-americanos, muitos dos quais emigrantes de primeira geração que já estão na faixa etária de maior risco. "É melhor que não entrem na loja", sublinhou Melissa Costa.

Muitos dos produtos disponibilizados pela Portugal Imports não se encontram à venda em mais lado nenhum na região, o que inclui as ofertas de padaria que são confecionadas ali mesmo, como massa sovada, pão caseiro, pão doce e pão de milho.

A intenção da Portugal Imports é manter as portas abertas com precaução e o negócio a funcionar com a ajuda da subida das vendas online, que "estão de loucos", disse a responsável. Há alguns produtos esgotados, mas a empresa ainda tem bons níveis de inventário e inclusive está a escoar produtos do pub vizinho que foi obrigado a fechar, como leite, ovos e batatas. "Estamos a tentar ajudar nesse aspeto", disse a empresária.

"As coisas mudam em poucas horas, por isso temos de nos adaptar à situação", acrescentou Melissa Costa, que detém a loja com o marido há 14 anos.

O casal esteve em Portugal no final de fevereiro, em reuniões com os seus fornecedores de produtos e para participar no SISAB 2020 - Salão Internacional do Setor Alimentar e Bebidas.

O impacto do novo coronavírus, que ainda era pequeno nos Estados Unidos, já se fazia sentir em Portugal, disse Melissa Costa. "O SISAB avisou que não seriam permitidos visitantes provenientes da China ou da Itália. Quando fomos à feira era muito notório, estava tudo parado. As pessoas estavam assustadas", contou.

O problema agora, disse a empresária, é que há falta de contentores e pode haver atrasos na reposição de inventário. Muitos dos contentores que foram para a China não voltaram, devido à pandemia, e isso coloca problemas aos importadores com que a empresa trabalha.

"Esperamos que as coisas comecem a andar novamente em breve", disse Melissa Costa, considerando que é difícil prever o curso da situação e que a Páscoa, uma das épocas mais atarefadas da loja, deverá ser mortiça.

A Califórnia está sob ordens drásticas para conter a propagação de Covid-19, com os negócios não essenciais fechados e diretivas para a população se manter em casa. No condado de Los Angeles, estas ordens estarão em efeito até 19 de abril.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, foi detetado em dezembro na China e já infetou mais de 308.000 pessoas em todo o mundo, das quais mais de 13.400 morreram.

O continente europeu é atualmente aquele com o maior número de casos, sendo Itália o país com maior número de vítimas mortais em todo o mundo. Regista 4.825 mortos em 53.578 diagnósticos positivos e, desses infetados, 6.062 já foram dados como curados pelas autoridades.

Os países mais afetados depois de Itália e China são: Espanha, com 1.720 óbitos em 28.572 infeções; Irão, com 1.556 mortes entre 20.610 casos; França, com 562 vítimas mortais em 14.459 diagnosticados; e os Estados Unidos da América, com 340 mortes em 26.747 infetados.

Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde indicou hoje que o surto de covid-19 já provocou 14 mortes e 1.600 infetados.

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