"As consequências da pandemia vão implicar alterações significativas ao orçamento, com a receita fiscal e a atividade económica a serem afetadas severamente", escrevem os analistas numa nota sobre o orçamento do país.
No comentário, enviado aos investidores e a que a Lusa teve acesso, os peritos da unidade de análise económica da revista britânica The Economist alertam que esperavam "que os esforços de reconstrução depois dos dois ciclones de 2019 continuassem a dominar as decisões de política este ano".
No entanto, acrescentam, "apesar de esses esforços se manterem, a reduzida coleta fiscal e o abrandamento da atividade económica vai abrandar o ritmo da recuperação".
Na nota, os analistas chamam ainda a atenção para os atrasos na discussão e aprovação dos gastos para este ano, que "estão vários meses atrasados devido às eleições do ano passado".
Estes atrasos, alertam, "estão em linha com a visão de que as deficiências operacionais das entidades públicas em Moçambique são estruturais, limitando a definição das políticas e o rumo das decisões, limitando a capacidade de implementar reformas que fortaleçam a gestão financeira e melhorem o ambiente operacional".
Entre os efeitos da pandemia de covid-19, a EIU lembra que as restrições às exportações a nível mundial "parecem cada vez mais prováveis" e aponta que este abrandamento no fluxo de bens e mercadorias "podem criar cortes nas cadeias de abastecimento das empresas moçambicanas".
Isto, por sua vez, "criaria restrições às importações de bens intermédios e de bens de consumo", o que prejudicaria ainda mais as previsões de crescimento económico e de receita fiscal.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 324 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 14.300 morreram.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
O continente europeu é aquele onde está a surgir atualmente o maior número de casos, com a Itália a ser o país do mundo com maior número de vítimas mortais, com 5.476 mortos em 59.138 casos. Segundo as autoridades italianas, 7.024 dos infetados já estão curados.
A China, sem contar com os territórios de Hong Kong e Macau, onde a epidemia surgiu no final de dezembro, conta com um total de 81.054 casos, tendo sido registados 3.261 mortes.
Os países mais afetados a seguir à Itália e à China são a Espanha, com 1.720 mortos em 28.572 infeções, o Irão, com 1.685 mortes num total de 22.638 casos, a França, com 674 mortes (16.018 casos), e os Estados Unidos, com 390 mortes (31.057 casos).
Vários países adotaram medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena e o encerramento de fronteiras.