A operação incidiu nos bairros de Cátia e Petare, oeste e leste da capital venezuelana, respetivamente.
Os efetivos da Guarda Nacional Bolivariana (GNB, polícia militar) e das Forças de Ações Especiais da Polícia Nacional Bolivariana (FAES), assumiram posições depois de o Presidente Nicolás Maduro ter anunciado segunda à noite que "radicalizaria" a quarentena preventiva devido à covid-19, restringindo ainda mais a circulação de pessoas.
"Cátia está tomada. Está o FAES e a GNB em todo o lado. Havia pessoas que queriam ir trabalhar, mas foram obrigadas a recolherem-se em casa. Os mercados estão encerrados, com militares nas portas e não há pessoas nas ruas", disse à agência Lusa Lennys Gavidia.
A administradora industrial, de 33 anos, acrescentou que "os militares estão também a impedir a circulação dos transportes públicos.
Várias pessoas explicaram à que a população local começa a impacientar-se com a quarentena, a que acresce a falta de meios para comprar alimentos.
Entretanto, através de várias contas na rede social Twitter, vários utilizadores têm apelado a Nicolás Maduro para intervir e flexibilize as restrições à circulação e ao comércio.
"Um apelo ao Presidente: na zona de Cátia e proximidades, os polícias não deixam ninguém comprar. Como vamos fazer, nós, os pobres, para comprar com o pouco que temos. Será que os nossos filhos não comem? Ou seja, se não o vírus nos mata, somos mortos pela fome", escreveu Luz Marina López no Twitter.
Através das redes sociais, jornalistas e utilizadores divulgaram imagens em que era possível ver, tanto em Cátia como em Petare, as ruas desertas de civis e grupos de dezenas de oficiais das forças de segurança e também viaturas da FAES a bloquear a circulação de veículos.
Na Venezuela, país onde vive uma numerosa comunidade portuguesa, existem 84 casos confirmados de pacientes infetados com o novo coronavírus, em 15 dos 24 Estados do país.
Com 38 casos, o Estado de Miranda é o que regista o maior número de contagiados, seguido pelo Distrito Capital (Caracas) com 20. La Guaira e Arágua registam cada um oito casos confirmados.
O Presidente Nicolás Maduro anunciou, na noite de segunda-feira, que a partir de hoje "radicalizaria" a quarentena social por causa da covid-19, restringindo ainda mais a circulação de pessoas, no Distrito Capital e em Miranda, La Guaira e Arágua.
O país está desde 13 de março em "estado de alerta", o que permite ao executivo decretar "decisões drásticas" para combater a pandemia.
O "estado de alerta" foi decretado por 30 dias, prorrogáveis por igual período.
Os voos nacionais e internacionais estão restringidos no país.
Desde 16 de março que os venezuelanos estão em quarentena, estando impedidos de circular livremente entre os vários Estados do país.
As clínicas e hospitais estão abertos, e as farmácias, os supermercados, padarias e restaurantes estão a funcionar em horário reduzido, com estes últimos a vender comida apenas para levar para casa.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 400 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram cerca de 18.000.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
O continente europeu é aquele onde está a surgir atualmente o maior número de casos, e a Itália é o país do mundo com mais vítimas mortais, com 6.820 mortos em 69.176 casos.