O ritmo de contágio em três desses campos, situados na Grécia (Moria), na Síria (Al Hol) e no Bangladesh (Cox's Bazar), pode ultrapassar o registado no navio de cruzeiro Diamond Princess, onde "a taxa de transmissão do vírus foi quatro vezes mais rápida que em Wuhan", epicentro da epidemia na China, afirma a ONG em comunicado.
O navio, que em fevereiro foi colocado duas semanas em quarentena ao largo do Japão depois de surgirem os primeiros casos de infeção pelo novo coronavírus, acabou por registar 712 casos, num total de 3.700 pessoas a bordo.
Os "níveis extremos de densidade populacional" nos campos de refugiados, combinados com condições que também se registaram no cruzeiro, como "a proximidade" entre pessoas, o "acesso limitado a água, saneamento e higiene", "propiciam a propagação rápida da doença".
Segundo a ONG, a densidade a bordo do Diamond Princess, 24.400 pessoas por quilómetro quadrado, era inferior à dos três campos referidos.
Em Moria, o principal campo de refugiados da ilha grega de Lesbos, a densidade é de 203.000 habitantes por quilómetro quadrado (km2), no de Cox's Bazar, um distrito do Bangladesh que acolhe quase um milhão de rohingyas fugidos da Birmânia, de 40.000 habitantes/km2 e no de Al Hol, no nordeste da Síria, 37.570 habitantes/km2.
A ONG, presidida pelo ex-ministro dos Negócios Estrangeiros britânico David Miliband, faz um "apelo urgente" de 30 milhões de euros para "medidas que podem e devem ser tomadas", como "o reforço do acesso a água corrente", a criação de "áreas de isolamento" e "a construção de novos abrigos" para descongestionar os campos e favorecer o distanciamento social.
O novo coronavírus, que provoca a covid-19, já infetou cerca de 866 mil pessoas em todo o mundo, mais de 43 mil das quais morreram.
Segundo o balanço diário da Organização Mundial de Saúde (OMS) de terça-feira, a Grécia regista 1.212 casos, 43 deles mortais, o Bangladesh 49 casos e 5 mortes e a Síria 10 casos, dois deles mortais.