Covid-19: "Acredito que certos países não vão ser solidários com outros"
Um físico espanhol de renome retrata vários ângulos de como pode ser abordada esta pandemia, em que "o bem-estar de uma maioria vai impor-se às custas de uma dolorosa minoria".
© Reuters
Mundo Covid-19
O reputado físico espanhol José Ignacio Latorre, numa entrevista concedida à BBC, abordou o combate que se estende nos quatro cantos do mundo contra um inimigo comum: o surto do novo coronavírus.
José Ignacio Latorre começa por referir que "a humanidade sofreu e superou crises muito graves". sendo que "as pandemias e as guerras assolaram a terras numerosas vezes, sem piedade".
O físico espanhol enumera também algumas diferenças desta crise sanitárias, comparativamente a outras que provocaram vários milhões de mortes.
"A grande diferença é que esta crise afecta-nos na primeira pessoa, aqui e agora, não se limitando à leitura de um livro. Uma segunda grande diferença é que vivemos num tempo onde a tecnologia torna possível que a maioria das pessoas (não todas) fiquem em casa. E a terceira é que vemos que as sociedades mais avançadas conseguiram manter intactas o abastecimento dos seus bens mais elementares, como comida, electricidade ou internet", referiu Latorre, revelando também que alguns países vão manter-se numa onda de pouca solidariedade com uma "dolorosa minoria".
"Acredito que certos países não vão ser solidários com outros. O bem-estar de uma maioria vai impor-se às custas de uma dolorosa minoria. Não deveríamos ficar escandalizados, afinal a humanidade já tomou este tipo de decisões noutros contextos. Compramos bens a países onde não se respeitam os direitos humanos apenas porque são mais baratos", assevera este físico do país vizinho, acrescentando:
"A expectativa da vida de um mineiro na América do Sul, ou de uma trabalhadora numa fábrica de uma cidade chinesa super contaminada não é de 80 anos, como a de outros trabalhadores privilegiados", rematou.
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