Covid-19: Governo australiano desafia cidadãos a trabalhar na agricultura

O primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, incentivou os seus cidadãos a trabalharem nas quintas do país, no momento em que muitos trabalhadores ficaram paralisados devido às medidas de restrição para combater a pandemia covid-19.

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Lusa
03/04/2020 15:04 ‧ 03/04/2020 por Lusa

Mundo

Covid-19

A crise sanitária levou ao encerramento de todas as atividades não-essenciais, está a provocar a falência de muitos negócios e as autoridades temem que várias centenas de milhares de australianos fiquem sem emprego.

Ao mesmo tempo, os agricultores estão preocupados com as consequências do fecho de fronteiras aos trabalhadores sazonais que tradicionalmente procuravam a Austrália para trabalhar.

Assim, o primeiro-ministro australiano apelou aos australianos que se encontram ociosos para procurarem trabalho nas quintas do país.

"Aos australianos que gostariam de trabalhar no setor agrícola, avancem! Vão para as quintas e trabalhem, encontraram muitas oportunidades lá", disse hoje Scott Morrison numa conferência de imprensa.

Algumas épocas de semente e de colheita obrigam a reforço de mão de obra agrícola, grande parte ocupada por mão-de-obra estrangeira, que em alguns setores representavam mais de metade dos funcionários.

A principal associação de produtores e distribuidores de alimentos agrícolas, que reúne agricultores de todo o país, apelou ao Governo a prorrogação dos vistos de trabalho de cerca de 150.000 estrangeiros, para manter mão-de-obra ativa, mas o primeiro-ministro já rejeitou essa hipótese e prefere angariar nativos para trabalhar nas terras.

No mesmo espírito de encerramento de entradas no país, o Governo australiano anunciou hoje que não permitirá tripulações de cruzeiros com casos detetados de coronavírus atracar nos seus portos.

Atualmente, mais de uma dúzia de embarcações encontram-se na costa da Austrália, com mais de 15.000 tripulantes a bordo.

"Pedimos a todos esses navios para deixarem as águas australianas", disse hoje o chefe da polícia de fronteira, Michel Outram.

Muitos dos navios navegam sob bandeiras de conveniência, principalmente do Panamá, Bahamas e Libéria -- países sem condições médicas para receber pessoas portadoras de vírus.

A Austrália já disse que não corre o risco de receber uma nova onda de estrangeiros contaminados, quando os serviços de saúde já estiverem sobrecarregados.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de um milhão de pessoas em todo o mundo, das quais morreram perto de 54 mil.

Dos casos de infeção, cerca de 200.000 são considerados curados.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

 

 

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