Pela primeira vez desde a assinatura do acordo, em que ficou definida a retirada de tropas estrangeiras do Afeganistão em 14 meses, os talibãs acusaram os EUA de "continuarem as violações" com bombardeamentos, ataques noturnos, ataques a civis e insurgentes, em áreas onde não existiam combates, afirmam em comunicado.
Alegam também que não foi cumprido um dos principais pontos do acordo, que consistia na libertação, em 10 de março, de 5.000 talibãs presos, em troca de mil prisioneiros das forças de segurança afegãs, "um processo que foi adiado sem razão".
"Temos partilhado os pormenores das violações em tempo útil com os americanos, através dos canais de comunicação apropriados", disseram no comunicado de hoje, noticiado pelas agências internacionais, no qual instam os EUA a respeitar o acordo.
"Se essas violações continuarem, uma atmosfera de desconfiança será desenvolvida e não só prejudicará o acordo, mas forçará os 'mujahideen' a reagir e responder, o que aumentará o nível de violência" no país, sublinham.
Os talibãs garantem, porém, que têm respeitado o acordo e continuam comprometidos com o pacto assinado, justificando que os recentes ataques realizados contra as forças de segurança afegãs, ocorreram quando ainda não havia um cessar-fogo acordado com o governo de Cabul.
Ainda assim, o grupo insurgente apontou que "interrompeu os seus ataques" contra bases e instalações do governo, e só realiza operações contra pequenos postos de controlo.
Apesar das críticas aos EUA, os talibãs estenderam um 'ramo de oliveira' aos seus adversários, e garantiram que estão prontos para manter negociações intra-afegãs, embora a questão da libertação de prisioneiros deva ser resolvida primeiro.
Uma delegação oficial composta por três talibãs está em Cabul desde 30 de outubro, sendo a primeira missão desse tipo em 19 anos de guerra, para tentar resolver os últimos aspetos técnicos relacionados com a libertação de prisioneiros.
A libertação dos prisioneiros deve marcar o início das esperadas negociações de paz entre talibãs e o governo afegão, que podem culminar num acordo político que terminará quase duas décadas de guerra no Afeganistão.