Trump elogia medicamento desaconselhado e interrompe próprio especialista

Donald Trump voltou a falar da hidroxicloroquina, usada na profilaxia da malária e ainda sem efeitos comprovados no tratamento da Covid-19. Quando chegou a vez do seu conselheiro da Saúde responder sobre o medicamento, o governante republicano impediu-o.

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© REUTERS/Joshua Roberts

Anabela Sousa Dantas
06/04/2020 07:24 ‧ 06/04/2020 por Anabela Sousa Dantas

Mundo

Covid-19

Este domingo à noite, durante o habitual encontro com a imprensa na Casa Branca, o presidente norte-americano não só voltou a aconselhar o uso de um medicamento usado no tratamento da malária ainda sem efeito comprovado no tratamento da infeção pela Covid-19 como tirou a palavra ao seu principal conselheiro da Saúde - que, por diversas vezes, o corrige - quando questionado sobre o medicamento.

“Já fez essa pergunta e eu já respondi a essa pergunta 15 vezes”, atirou Donald Trump, da retaguarda de Anthony Fauci, que estava na sua vez de responder às perguntas dos jornalistas. "Não precisa de responder", disse, conforme pode ver no vídeo abaixo.

O epidemiologista de 79 anos de idade, que entrou para a Casa Branca em 1984, preparava-se para responder, mas não o desautorizou e permaneceu em silêncio.

Donald Trump, sublinhe-se, tinha já feito várias declarações sobre o medicamento, a hidroxicloroquina, que, assim como a cloroquina, é usada no tratamento da malária. Os dois medicamentos foram apontados como possibilidades na prevenção e tratamento de infeções pelo novo coronavírus, mas ainda sem resultados comprovados. Aliás, a Agência Europeia do Medicamento já lançou um comunicado onde sublinha que os dois só devem ser usados no âmbito da Covid-19 em caso de estudo clínico ou do uso emergencial e monitorizado, para efeitos de investigação.

Estes medicamentos podem causar efeitos secundários perigosos, como intoxicações neurológicas ou oftalmológicas.

Trump vê as coisas de forma mais ligeira. “Espero que usem hidroxicloroquina… Espero que a usem porque… querem saber? O que é que há a perder?”, disse, à revelia de todas as cautelas mantidas por Fauci, o maior especialista em doenças infecciosas do país, que sempre disse que o sucesso deste medicamento não está provado.

“Eu tomava. Teria de consultar os meus médicos. Mas eu tomaria”, disse o presidente norte-americano.

Os Estados Unidos registaram este domingo mais de 1.200 mortes em 24 horas causadas pela Covid-19, de acordo com a contagem da Universidade Johns Hopkins. O número total de mortes desde o início da pandemia nos Estados Unidos é agora de mais de nove mil e cerca de 337.000 infetados.

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