Foi há 70 anos, numa festa em Valdelageve, na zona de Salamanca, que José Prieto Cerrudo e Guadalupe Matas Hernández, se conheceram pela primeira vez.
Ele estava na companhia do irmão e com o objetivo de ganhar alguns trocos. Ela estava na companhia de uma amiga apenas a passear, e a sua beleza não passou despercebida a José que tentou, de imediato, chamar a sua atenção, saltando para cima de um burro, que Guadalupe trazia com ela.
A partir daaí, os dois começaram a sair juntos, namorando depois por cartas, dado que como era costume na altura, Guadalupe mudou-se para Madrid onde serviu como empregada doméstica. A distância não os separou e em 1955 subiram ao altar.
Nesse mesmo ano tiveram a sua primeira filha, seguiu-se outra e ainda uma terceira. E José e Guadalupe continuaram a tentar até conseguirem o filho varão. Têm, atualmente, sete filhas... e nenhum filho.
A história de amor deste casal é hoje notícia para mostrar como juntos, no amor e na doença, venceram a Covid-19, embora pertençam ao grupo de pessoas que correm mais em risco de morrer de Covid-19.
José e Guadalupe, hoje com 88 anos, conseguiram superar as expetativas e ao contrário do que muitos esperavam não fazem parte dos 22,2% de idosos que morre no país vizinho com o novo coronavírus.
Foi no dia 4 de março que José começou a dar os primeiro sinais de que poderia estar infetado. No dia 8, o casal comemorou 65 anos de casado e quatro dias depois José piorou e acabou por ser internado no Hospital da Cruz Vermelha de Madrid. O teste confirmava que estava infetado.
Guadalupe foi para casa de uma das filhas e dias depois também ela começava a apresentar sintomas. Acabou internada no mesmo hospital, mas num piso diferente.
"Sentiam a falta um dos outros, eles não sabem viver um sem o outro. Sobretudo o meu pai. O meu pai é muito mimado e necessita dela a seu lado", conta a filha, revelando que o médico de José acabou por consentir que os dois fossem colocados no mesmo quarto.
José estava numa situação de saúde mais frágil e os médicos temiam que a mulher se deixasse ir abaixo ao vê-lo. Mas isso não aconteceu. Juntos, apoiaram-se mutuamente e agora encontram-se a recuperar no apartamento onde vivem, em Madrid. Estão em quarentena e vieram recentemente à janela mostrar a sua força.
Ao El País, uma das filhas reconhece que temeram o pior, mas olhando hoje para os pais está certa de que é possível sobreviver à doença. "Qualquer um pode", atira.