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Bolsonaro diz que cloroquina já salvou brasileiros

O Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, voltou a defender o uso cloroquina para tratamento da covid-19, afirmando que o medicamento já salvou dezenas de brasileiros.

Bolsonaro diz que cloroquina  já salvou brasileiros
Notícias ao Minuto

06:10 - 09/04/20 por Lusa

Mundo Brasil

"Após ouvir médicos, investigadores e chefes de Estado de outros países, passei a divulgar, nos últimos 40 dias, a possibilidade de tratamento da doença desde a sua fase inicial. Conversei com o doutor Roberto Kalil. Cumprimentei-o pela honestidade (...) ao assumir que não só usou a hidroxicloroquina, bem como a administrou em dezenas de pacientes. Todos estão salvos", disse Bolsonaro, naquele que foi o seu quinto discurso ao país desde o inicio da pandemia.

O Presidente do Brasil, que há várias semanas defende o uso cloroquina - medicamento que é usado para tratar doenças como artrite, lúpus e malária - e cujos efeitos em pacientes vítimas da covid-19 ainda estão a ser estudados, parabenizou ainda Roberto Kalil, cardiologista do Hospital Sírio-Libanês recém-recuperado da covid-19, por ter administrado o remédio mesmo sem a conclusão do protocolo de testes.

"O doutor Kalil disse-me que, mesmo não tendo finalizado o protocolo de testes, ministrou o medicamento agora, para não se arrepender no futuro. Essa decisão poderá entrar para a história como tendo salvo milhares de vidas no Brasil. Os nossos parabéns", reforçou o chefe de Estado.

Ainda sobre o medicamento, Bolsonaro anunciou que o Brasil irá receber, até ao próximo sábado, matéria-prima proveniente da Índia, para o país continuar a produzir hidroxicloroquina, um derivado da cloroquina.

Naquele que foi o seu quinto pronunciamento ao país sobre o novo coronavírus, transmitido em rádio e televisão, Jair Bolsonaro direcionou mais uma vez o seu discurso para os governadores brasileiros, garantindo ser deles a "responsabilidade exclusiva" das medidas de isolamento social adotadas para enfrentar a pandemia, e com as quais o mandatário discorda.

"Respeito a autonomia dos governadores e prefeitos. Muitas medidas, de forma restritiva ou não, são de responsabilidade exclusiva dos mesmos. O Governo Federal não foi consultado sobre sua amplitude ou duração", afirmou.

O Presidente disse ter a certeza de "que a grande maioria dos brasileiros quer voltar a trabalhar". "Esta sempre foi a minha orientação a todos os ministros, observadas as normas do Ministério da Saúde", sublinhou.

Bolsonaro aproveitou ainda para expor algumas das medidas económicas tomadas pelo seu executivo face à pandemia da covid-19, entre elas, a isenção do pagamento da conta de energia elétrica a nove milhões de famílias de baixos rendimentos, durante três meses.

O chefe de Estado usou da palavra para se solidarizar publicamente, pela primeira vez, com as famílias das vítimas mortais do novo coronavírus no Brasil.

Enquanto o mandatário falava ao país, moradores de várias cidades protestaram nas suas janelas, ao som de panelas, contra Bolsonaro.

Horas antes do seu pronunciamento nacional, Bolsonaro concedeu uma entrevista à emissora Rede Bandeirantes, tendo afirmado que está "tudo acertado" com o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, com quem tem discordado publicamente em relação a medidas de isolamento social, e cuja demissão chegou a ser garantida pela imprensa local.

"Foi acertado. Até em casa temos problemas, muitas vezes, com a esposa, com o esposo. É comum acontecer no momento em que todos estão stressados de tanto trabalho, eu estou, ele está. Mas foi tudo acertado, sem problema nenhum. Segue a vida", disse Bolsonaro, sublinhado, porém, que todos os ministros "devem estar sintonizados" com a sua posição.

O Brasil registou um novo recorde diário com 133 mortes e 2.210 infetados pelo novo coronavírus nas últimas 24 horas, totalizando agora 800 óbitos, informou na quarta-feira a tutela da Saúde.

Além das 800 vítimas mortais, o Brasil tem agora 15.927 casos confirmados de infeção pela covid-19.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 1,4 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 86 mil.

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