Covid-19 não deteve os protestos sociais na Venezuela
A pandemia de coronavírus não deteve os protestos sociais na Venezuela, país que está em quarentena preventiva desde março, mês em que os venezuelanos realizaram 580 manifestações, segundo o Observatório Venezuelano de Conflitos Sociais (OVCS).
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Mundo Pandemia
"A crise no sistema de saúde, o colapso dos serviços básicos, a inflação nos preços dos alimentos e os salários baixos agravaram-se com a chegada da covid-19", explica um relatório divulgado em Caracas.
Segundo o OVCS, os venezuelanos, "hoje mais do que nunca querem ser ouvidos" e por isso realizaram "580 protestos em março de 2020", em média "19 por dia", mas 74% menos que os 2.038 registados no mesmo período do ano passado.
O documento explica que "133 (23%) protestos registaram-se durante a quarentena coletiva contra o coronavírus, entre 13 e 31 de março".
Segundo o OVCS, apesar dos riscos da pandemia "a emergência humanitária complexa que afeta a Venezuela compromete direitos fundamentais, como alimentação e os serviços básicos, levando os cidadãos a expressarem-se para chamar a atenção das autoridades e para encontrar uma solução para as suas necessidades".
"Esta situação converte-se num motivo de preocupação perante uma eventual extensão da medida de isolamento social, uma vez que, para as famílias, é difícil enfrentar a covid-19 com um sistema de saúde deficiente, alimentos e produtos de higiene a altos preços, salários com baixo poder aquisitivo, serviços públicos colapsados e escassez de gasolina", lê-se.
Os estados venezuelanos que registaram um maior número de protestos foram Anzoátegui e Mérida, com 53 manifestações, cada um. Seguem-se o distrito Capital (46), Miranda (43) e Monágas (39).
Por outro lado, os protestos caraterizaram-se por ações de ativistas sociais e políticos da oposição, para apresentar a "Declaração Nacional de Conflitos", e a mobilização de afetos ao regime de Nicolás Maduro contra as sanções emitidas pelo governo dos Estados Unidos contra as autoridades venezuelanas.
Entre outros motivos estão a escassez e o controle na distribuição de gasolina que gerou longas filas no país e a discricionariedade dos funcionários da Guarda Nacional Bolivariana (polícia militar) encarregada de supervisionar a venda de combustível, que ameaçou a prestação de serviços médicos, comerciais e o transporte de alimentos.
"A quarentena social obrigatória, a demanda da restituição urgente de serviços básicos como a água potável, o gás doméstico e a eletricidade para evitar a covid-19", foram outros motivos.
Os trabalhadores dos sindicatos da saúde, educação e de reformados protestaram para exigir melhores salários, assim como infraestruturas hospitalares adequadas e materiais de segurança para lidar com a pandemia.
"A falta de resposta motivou os manifestantes a manterem-se em protesto, mesmo estando em vigor o decreto de confinamento obrigatório. Apresentaram-se com máscaras improvisadas, mantendo uma distância prudente, mas todos unidos em uma só voz para demandar os seus direitos", concluiu.
A Venezuela tem oficialmente 171 casos e nove mortes associadas à infeção pelo novo coronavírus.
O país está desde 13 de março em estado de alerta, o que permite ao executivo decretar "decisões drásticas" para combater a pandemia. O estado de alerta foi decretado por 30 dias, que podem ser prolongados por igual período.
Os voos nacionais e internacionais estão restringidos no país.
Desde 16 de março que os venezuelanos estão em quarentena, estando impedidos de circular livremente entre os 24 estados do país.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já provocou a morte a mais de 100 mil pessoas e infetou mais de 1,6 milhões em 193 países e territórios.
Dos casos de infeção, mais de 330 mil são considerados curados.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
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