Suspensão de contribuição para OMS é decisão "muito egoísta" dos EUA

A Rússia classificou hoje como uma "abordagem muito egoísta" a decisão dos Estados Unidos (EUA) de suspender a sua contribuição financeira para a Organização Mundial da Saúde (OMS) em plena pandemia da covid-19.

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Lusa
15/04/2020 14:01 ‧ 15/04/2020 por Lusa

Mundo

Rússia

"O anúncio feito ontem [terça-feira] por Washington da suspensão do financiamento da OMS é muito alarmante para nós. É a manifestação de uma abordagem muito egoísta das autoridades norte-americanas em relação ao que está a acontecer no mundo", disse o vice-ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Sergei Riabkov, em declarações à agência de notícias pública TASS.

O representante russo reforçou que "este golpe" visando neste momento específico esta organização "é uma abordagem que merece ser denunciada e condenada".

A porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova, disse, por sua vez, que a decisão do Presidente norte-americano, Donald Trump, mostra que os EUA continuam a precisar de "acusar alguém".

Donald Trump anunciou na terça-feira que vai suspender a contribuição financeira do país para a OMS, justificando a decisão com a "má gestão" da pandemia provocada pelo novo coronavírus.

"Ordeno a suspensão do financiamento para a Organização Mundial da Saúde enquanto estiver a ser conduzido um estudo para examinar o papel da OMS na má gestão e ocultação da disseminação do novo coronavírus", disse o líder norte-americano.

Donald Trump, que falava aos jornalistas na Casa Branca, em Washington, referiu que os EUA contribuem com "400 a 500 milhões de dólares por ano" (entre 364 e 455 milhões de euros) para a OMS, em oposição aos cerca de 40 milhões de dólares (mais de 36 milhões de euros), ou "ainda menos", que disse ser o investimento da China naquela organização.

A decisão norte-americana foi imediatamente criticada pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, que sublinhou que este "não é o momento de reduzir o financiamento das operações" da OMS ""ou de qualquer outra instituição humanitária que combata o vírus" SARS-CoV-2.

"A minha convicção é que a OMS deve ser apoiada por ser absolutamente essencial aos esforços do mundo para ganhar a guerra contra a covid-19", salientou Guterres.

Mesmo antes do anúncio de Trump, o chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, já tinha denunciado, na terça-feira, "tentativas de politizar a questão do coronavírus".

"Quem conhece a cronologia dos factos, as declarações e as decisões que a OMS tomou (sobre o assunto) ficará convencido de que a organização agiu eficazmente", afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros russo.

A 06 de abril, a Rússia anunciou a atribuição de um milhão de dólares (cerca de 925 mil euros) à OMS no âmbito do combate global contra o novo coronavírus.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já provocou quase 127 mil mortos e infetou mais de dois milhões de pessoas em 193 países e territórios.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a OMS a declarar uma situação de pandemia.

Os Estados Unidos são o país que regista atualmente o maior número de mortes, 25.757, e de casos de infeção pelo novo coronavírus, mais de 600 mil.

 

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