Irão diz que suspensão de apoio à OMS prova que EUA "matam pessoas"

O Irão considerou hoje que a decisão do Presidente norte-americano de suspender a contribuição para a Organização Mundial da Saúde, em plena pandemia da covid-19, prova ao mundo que os Estados Unidos "matam pessoas".

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Lusa
15/04/2020 15:53 ‧ 15/04/2020 por Lusa

Mundo

Covid-19

"O mundo está a descobrir o que o Irão já sabia há muito tempo", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão, Mohammad Javad Zarif, numa mensagem publicada hoje na rede social Twitter.

Para o ministro iraniano, a decisão de Donald Trump é "um ato vergonhoso", sobretudo porque o mundo está a passar por uma pandemia, e que será "lembrado como uma infâmia".

O Presidente norte-americano anunciou na terça-feira que ia suspender a contribuição do país para Organização Mundial da Saúde (OMS), justificando a decisão com a "má gestão" da pandemia.

Donald Trump referiu que os EUA contribuem com "400 a 500 milhões de dólares por ano" (entre 364 e 455 milhões de euros) para a OMS, em oposição aos cerca de 40 milhões de dólares (36 milhões de euros), ou "ainda menos", que disse ser o investimento da China naquela organização.

O Presidente norte-americano acusa a organização de alinhar com as posições da China, que, segundo considera, ocultou a gravidade do vírus no momento do seu aparecimento, em dezembro.

O anúncio da decisão de Washington foi recebido com muitas críticas, tendo o secretário-geral da ONU, António Guterres, sublinhado que este "não é o momento de reduzir o financiamento das operações" da OMS "ou de qualquer outra instituição humanitária que combata o vírus" SARS-CoV-2.

A União Europeia, a União Africana e os governos da Rússia, da China, da Alemanha e de Portugal também já criticaram a decisão de Donald Trump.

Desde há várias semanas que o Irão - que já registou oficialmente 4.777 mortes, o maior número de vítimas mortais no Médio Oriente -- defende que as sanções norte-americanas contra Teerão enfraqueceram a sua capacidade de combater a pandemia.

As sanções foram restabelecidas em 2018 pelos Estados Unidos, depois da retirada unilateral de Washington do acordo nuclear internacional iraniano, restringindo a capacidade do país de contrair empréstimos no mercado internacional.

Oficialmente, as sanções não incluem a distribuição de bens humanitários (medicamentos e equipamentos médicos), mas, na realidade, os bancos internacionais acabam por recusar qualquer transação que envolva o Irão para não se exporem a "represálias dos Estados Unidos", disse o ministro.

 A pandemia da covid-19 já provocou, a nível global, quase 127 mil mortos e infetou mais de dois milhões de pessoas em 193 países e territórios.

Os Estados Unidos são o país com mais mortos e mais casos de infeção confirmados, seguindo-se a Itália, a Espanha, a França e o Reino Unido.

O Médio Oriente soma, até hoje, 5.135 mortos.

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