"O mundo está a descobrir o que o Irão já sabia há muito tempo", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão, Mohammad Javad Zarif, numa mensagem publicada hoje na rede social Twitter.
Para o ministro iraniano, a decisão de Donald Trump é "um ato vergonhoso", sobretudo porque o mundo está a passar por uma pandemia, e que será "lembrado como uma infâmia".
O Presidente norte-americano anunciou na terça-feira que ia suspender a contribuição do país para Organização Mundial da Saúde (OMS), justificando a decisão com a "má gestão" da pandemia.
Donald Trump referiu que os EUA contribuem com "400 a 500 milhões de dólares por ano" (entre 364 e 455 milhões de euros) para a OMS, em oposição aos cerca de 40 milhões de dólares (36 milhões de euros), ou "ainda menos", que disse ser o investimento da China naquela organização.
O Presidente norte-americano acusa a organização de alinhar com as posições da China, que, segundo considera, ocultou a gravidade do vírus no momento do seu aparecimento, em dezembro.
O anúncio da decisão de Washington foi recebido com muitas críticas, tendo o secretário-geral da ONU, António Guterres, sublinhado que este "não é o momento de reduzir o financiamento das operações" da OMS "ou de qualquer outra instituição humanitária que combata o vírus" SARS-CoV-2.
A União Europeia, a União Africana e os governos da Rússia, da China, da Alemanha e de Portugal também já criticaram a decisão de Donald Trump.
Desde há várias semanas que o Irão - que já registou oficialmente 4.777 mortes, o maior número de vítimas mortais no Médio Oriente -- defende que as sanções norte-americanas contra Teerão enfraqueceram a sua capacidade de combater a pandemia.
As sanções foram restabelecidas em 2018 pelos Estados Unidos, depois da retirada unilateral de Washington do acordo nuclear internacional iraniano, restringindo a capacidade do país de contrair empréstimos no mercado internacional.
Oficialmente, as sanções não incluem a distribuição de bens humanitários (medicamentos e equipamentos médicos), mas, na realidade, os bancos internacionais acabam por recusar qualquer transação que envolva o Irão para não se exporem a "represálias dos Estados Unidos", disse o ministro.
A pandemia da covid-19 já provocou, a nível global, quase 127 mil mortos e infetou mais de dois milhões de pessoas em 193 países e territórios.
Os Estados Unidos são o país com mais mortos e mais casos de infeção confirmados, seguindo-se a Itália, a Espanha, a França e o Reino Unido.
O Médio Oriente soma, até hoje, 5.135 mortos.