"[Os rohingya] explicaram que deixaram o Bangladesh há cerca de dois meses com direção à Malásia e que outros rohingya, da região birmanesa de Rakhine, se juntaram no caminho. Foram detidos a noite passada enquanto tentavam entrar no Bangladesh, havia 382 pessoas no barco", disse o porta-voz da guarda costeira do país, Hamidul Islam, à agência de notícias EFE.
A fonte disse que, de acordo com os rohingya a bordo, pelo menos 28 pessoas morreram por falta de comida e água desde que deixaram o Bangladesh.
Uma porta-voz da Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), Louise Donovan, disse à EFE que "esses homens, mulheres e crianças ficaram no mar por dois meses em condições terríveis e muitos deles estão extremamente desnutridos e desidratados".
A responsável da ACNUR agradeceu a "ajuda imediata do governo e das autoridades locais" aos rohingya e descreveu como "infundados" os relatos em alguns meios de comunicação locais de que vários membros dessa minoria muçulmana perseguida estavam infetados com o novo coronavírus.
"Oferecemos assistência ao Governo no envio dessas pessoas para centros de quarentena, onde podem receber atendimento médico e exames", disse Louise Donovan.
O Bangladesh fechou a sua fronteira com Myanmar (ex-Birmânia) em março passado e impôs aos refugiados rohingya completo confinamento aos campos de refugiados para impedir a propagação do novo coronavírus.
Cerca de 738.000 refugiados rohingya vivem em campos no Bangladesh, após uma onda de perseguição e violência que o Exército birmanês desencadeou contra estes, e que a ONU descreveu como um exemplo de limpeza étnica e ainda possível genocídio.
Os migrantes ilegais rohingya e cidadãos do Bangladesh usam a baía de Bengala e o mar de Andamão como uma rota marítima para entrar em outros países do continente em busca de melhores oportunidades de vida.
Em fevereiro passado, pelo menos 15 membros rohingya morreram e 69 foram resgatados após um naufrágio na costa de Bangladesh de um navio com destino à Malásia.