A iniciativa, denominada 'Angeleno Card', consiste num cartão pré-pago da Mastercard que será atribuído aos residentes carenciados que se candidataram até quinta-feira e cumpram os requisitos pedidos pela cidade.
Os valores dos cartões serão de 700, 1.100 ou 1.500 dólares (645, 1.015 e 1.384 euros), conforme o número de pessoas no agregado familiar e independentemente do estatuto legal dos residentes, o que significa que imigrantes em situação ilegal poderão aceder aos montantes.
"Não será perguntado aos candidatos nada sobre o seu estatuto de imigração", afirmou o 'mayor' Eric Garcetti, que tem feito comunicações diárias em inglês e em espanhol com transmissão ao vivo 'online'. "Somos todos angelenos", acrescentou.
Segundo o autarca, do Partido Democrata, mais de 56 mil residentes da cidade candidataram-se à ajuda na terça-feira, primeiro dia de disponibilização do portal na Internet e linhas telefónicas para o efeito, levando mesmo à sobrecarga do sistema.
O Departamento de Investimento em Habitação e Comunidade de Los Angeles, que geriu a receção das candidaturas, disse que devido aos muitos pedidos de ajuda os residentes elegíveis vão ser selecionados aleatoriamente para receberem os cartões, a partir de 20 de abril.
A medida foi anunciada na mesma semana em que os cidadãos norte-americanos e residentes permanentes começaram a receber transferências diretas da ajuda federal, contida no pacote de estímulo aprovado pelo Congresso, com valores entre 200 e 1.200 dólares (cerca de 185 e de 1.108 euros) por pessoa.
O governador do Estado da Califórnia, Gavin Newsom, também anunciou esta semana um fundo de assistência de 125 milhões de dólares (cerca de 155 milhões de euros) para imigrantes em situação ilegal e com dificuldades económicas devido à pandemia.
Os cheques, de 500 a 1.000 dólares, serão entregues a aproximadamente 150 mil imigrantes, indicou.
Este fundo de assistência integra 75 milhões de dólares do Estado e 50 milhões de privados.
No caso do cartão ("Angeleno Card") de Los Angeles, os fundos estão a ser canalizados por privados para o 'Mayor's Fund' [fundo do 'mayor'] e como tal não são considerados apoios públicos da cidade, embora a iniciativa tenha o apoio e coordenação do gabinete do autarca.
"As pessoas que estiverem a ouvir, continuem a dar", afirmou Garcetti, referindo que "pilares da comunidade" já contribuíram com donativos para o fundo do 'mayor' e para uma primeira ronda de uma iniciativa a continuar.
Numa cidade com quatro milhões de habitantes e um condado com dez milhões, as medidas de restrição impostas desde a terceira semana de março tiveram consequências severas em praticamente todos os setores.
Para se qualificarem, os residentes deverão reunir três condições: viverem na cidade de Los Angeles, terem rendimentos anuais abaixo do limiar federal de pobreza e perda de emprego por parte de um membro do agregado familiar, ou redução de 50% no salário.
Os agregados com uma e duas pessoas abaixo daquele limiar de pobreza vão receber 700 dólares. Em 2019, o limiar situou-se nos 12.490 dólares anuais, ou 1.040 dólares por mês para uma pessoa, e em 16.910 dólares anuais, ou 1.409 dólares por mês para um agregado de duas pessoas.
Os agregados com três pessoas e rendimento até 21.330 dólares e as famílias com quatro pessoas e rendimento abaixo dos 25.750 dólares vão receber cartões com 1.100 dólares. O montante mais elevado de 1.500 dólares será atribuído aos agregados com cinco a 12 pessoas e níveis de rendimento entre os 30.170 e os 61.010 dólares.
O condado de LA é o mais afetado pela pandemia na Califórnia, tendo registado na quinta-feira 55 mortos num dia, disse o 'mayor'.
Atualmente, há 10.895 casos de infeção e 457 mortos.
Garcetti, que assumiu o cargo em 2013 e foi reeleito em 2017, tornou-se um dos primeiros no país a proibir concentrações de pessoas, a encerrar estabelecimentos e a decretar o confinamento para combater a propagação da pandemia de covid-19.
A nível global, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 145 mil mortos e infetou mais de 2,1 milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 465 mil doentes foram considerados curados.
Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa quatro mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), encerraram o comércio não essencial e reduziram drasticamente o tráfego aéreo, paralisando setores inteiros da economia mundial.