Médicos japoneses alertam para sobrecarga do sistema de saúde

Os médicos japoneses pediram às autoridades que se esforcem para evitar sobrecarregar o sistema de saúde do país, onde o número de casos da covid-19 ultrapassou os 10.000 neste fim de semana, apesar da adoção do estado de emergência.

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© REUTERS/Issei Kato

Lusa
20/04/2020 10:17 ‧ 20/04/2020 por Lusa

Mundo

Covid-19

Os especialistas estão preocupados por, nas últimas semanas, haver centenas de casos de covid-19 detetados diariamente no arquipélago.

Embora o número de infeções no Japão continue muito abaixo dos níveis atingidos pelos países europeus mais afetados e pelos Estados Unidos, o país tem atualmente o terceiro maior número de casos de covid-19 na Ásia, depois da China e da Índia.

O último relatório do Ministério da Saúde do Japão registou 171 mortes em 10.751 casos desde o início da crise, dos quais quase 400 foram detetados nas últimas 24 horas.

O país está, desde a semana passada, em estado de emergência, que abrange todo o território até 06 de maio, depois de inicialmente ter sido limitado a sete regiões.

Neste cenário, os japoneses estão em teletrabalho e devem ficar em casa o máximo possível, com o objetivo de reduzir em 70 a 80% o contacto entre pessoas.

O número de passageiros nos comboios e metropolitanos da capital, que geralmente estão superlotados, diminuiu acentuadamente, mas muitas lojas e restaurantes permanecem abertos.

A lei que determina o estado de emergência não obriga ao cumprimento das regras recomendadas, mas "a mensagem pode ser transmitida de maneira muito eficaz, rigorosa e constante, mesmo na ausência de sanções", defendeu hoje o infeciologista da Universidade de Kobe, Kentaro Iwata.

"Precisamos de medidas muito mais eficazes para proteger os hospitais", acrescentou, durante uma conferência de imprensa online.

"O sistema [de saúde japonês] está à beira do colapso em muitas partes do Japão", alertou Kentaro Iwata, que criticou repetidamente a gestão da crise de saúde feita pelo Japão.

A estratégia japonesa de limitar os testes e diminuir os contactos entre pessoas funcionou bem enquanto o número de casos foi baixo, disse.

Mas "era preciso preparar tudo para o caso de a situação piorar e o número de casos aumentar. Era preciso uma mudança imediata de estratégia", o que não aconteceu, criticou Kentaro Iwata.

"No entanto, quer pela tradição, quer pela sua história, o Japão não é muito forte em mudanças de estratégia", notou, referindo que o país "não sabe desenvolver planos B, porque pensar num plano B é admitir que o plano A não funcionou".

O ministro da Saúde japonês admitiu que, em alguns casos, os hospitais não recebem ambulâncias que transportam pacientes com suspeita de estarem infetados com o coronavírus.

"O Japão não construiu um sistema no qual os hospitais comuns consigam receber doentes urgentes com doenças infecciosas, mas os hospitais especializados também não conseguem atender mais doentes", alertou na sexta-feira o presidente da Associação Médica de Tóquio, Haruo Ozaki.

Desde que foi detetado, na China em dezembro passado, o novo coronavírus já provocou mais de 164 mil mortos e infetou mais de 2,3 milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 525 mil doentes foram considerados curados.

Os Estados Unidos são o país com mais mortos (40.500) e mais casos de infeção confirmados (mais de 737 mil).

Seguem-se Itália (23.660 mortos, em mais de 178 mil casos), Espanha (20.453 mortos, mais de 195 mil casos), França (19.718 mortos, mais de 152 mil casos) e Reino Unido (16.060 mortos, mais de 120 mil casos).

Por regiões, a Europa soma mais de 103 mil mortos (mais de 1,1 milhões de casos), Estados Unidos e Canadá mais de 42 mil mortos (mais de 775 mil casos), a Ásia mais de seis mil mortos (mais de 163 mil casos), o Médio Oriente mais de cinco mil mortos (mais de 125 mil casos), a América Latina e Caribe quase cinco mil mortos (mais de 98 mil casos), África 1.091 mortos (mais de 21 mil casos) e a Oceânia com 90 mortos (mais de sete mil casos).

 

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