Se um aforismo for permitido, Inga e Karsten são a prova viva de que o amor verdadeiro não conhece fronteiras.
Ambos mais velhos, do grupo de risco, moram perto um dos outro mas longe o suficiente para se verem separados por uma fronteira, entre a Alemanha e a Dinamarca, que agora foi encerrada por causa da pandemia do novo coronavírus. Ainda assim, ambos encurtaram essa distância, tanto física como emocional.
Inga Rasmussen, de 85 anos, da Dinamarca, e Karsten Tüchsen Hansen, de 89, da Alemanha, encontram-se todos os dias perto da fronteira entre os dois países para lanchar e pôr a conversa em dia, mantendo a devida distância de segurança.
Recorde-se que, como parte dos esforços para conter a proliferação do novo coronavírus, a Alemanha fechou as suas fronteiras com as vizinhas França, Áustria, Suíça e Dinamarca, a meio de março.
O ritual de Inga e Karsten foi descoberto por Henrik Frandsen, presidente da Câmara da localidade dinamarquesa de Tonder, que estava a andar de bicicleta junto à fronteira dez dias depois desta ter encerrado. Conversou com eles e, comovido com a história, acabou por a levar às redes sociais.
"No passeio de bicicleta de hoje, passei pela fronteira de Møllehus. Aqui conheci estas duas pessoas adoráveis. Ela, de 85 anos, vive em Gallehus. Ele, de 89 anos, vive em Süderlügum. Conheceram-se um ao outro já em idade avançada e costumam visitar-se todos os dias. Agora encontram-se a meio caminho na fronteira encerrada. Vamos manter-nos juntos neste momento difícil e encontrar soluções juntos", escreveu o autarca.
Foi esta publicação que levou a história de ambos a publicações como a BBC ou o New York Times e os tornou, agora, mundialmente conhecidos, e por motivos felizes - apesar da crise pandémica.
"Estamos aqui por causa do amor. O amor é a melhor coisa do mundo", explicou Karsten Tüchsen Hansen ao New York Times. Ambos são viúvos de casamentos que duraram mais de seis décadas e ambos pensaram que os dias de companheirismo a dois tinham acabado. "Nunca sonhei que isto pudesse acontecer", disse Inga Rasmussen, à mesma publicação.
Mas aconteceu. E, graças à livre circulação entre países pertencentes ao Acordo de Schengen, foram-se encontrando desde há dois verões a esta parte. O vírus SARS-CoV-2 poderá ter fechado a fronteira, por agora, e obrigado a uma distância social, mas lhes impôs qualquer distância afetiva.
