Boris Johnson de regresso: "Este é o maior desafio desde a guerra"
Primeiro-ministro britânico recuperou da Covid-19 e voltou, esta segunda-feira, a Downing Street.
© Reuters
Mundo Reino Unido
Recuperado de uma infeção pelo novo coronavírus, Boris Johnson regressou, esta segunda-feira, a Downing Street, para retomar o comando do governo do Reino Unido no combate à pandemia de Covid-19, que, até à data, provocou 152.840 casos e 20.732 mortes no país.
Em conferência de imprensa, o primeiro-ministro britânico lamentou ter-se "mantido ausente da secretária por muito mais tempo do que gostaria", mas disse estar pronto para enfrentar aquele que é "o maior desafio que o país atravessou desde a guerra".
"Estamos a fazer progressos nas admissões nos hospitais e no número de pacientes Covid-19 nas unidades de cuidados intensivos. Há sinais reais de que estamos a atravessar o pico. Graças ao vosso bom-senso, altruísmo e espírito de comunidade, estamos prestes a finalizar essa primeira missão de impedir que o nosso serviço nacional de saúde fique sobrecarregado da maneira trágica que vimos noutros locais. É assim que estamos a começar a inverter a maré", afirmou.
"Se este vírus fosse um adversário físico, e não um assaltante invisível e inesperado, este seria o momento em que começamos, juntos, a atirá-lo ao chão. É um momento de oportunidade, em que podemos aproveitar a nossa oportunidade, mas também de máximo risco", prosseguiu.
Nesse sentido, Boris Johnson pediu "paciência" ao povo do Reino Unido, assegurando que já está a planear a reabertura do país, até porque, sublinhou, "sem o setor privado, não haverá economia, não haverá dinheiro para pagar os serviços públicos nem maneira de financiar o serviço nacional de saúde".
"Se nós, enquanto país, conseguirmos demonstrar o mesmo espírito de otimismo e energia demonstrados pelo capitão Tom Moore, que faz 100 anos esta semana, e a mesma união que todos demonstrámos nas últimas semanas, não tenho qualquer dúvida de que iremos vencer, ultrapassar isto o mais rapidamente possível e o Reino Unido emergirá mais forte do que nunca", completou.
"It is still true that this is the biggest single challenge this country has faced since the war"PM Boris Johnson says the UK is "making progress" and "beginning to turn the tide" against the #coronavirus pandemic.#COVID19 latest: https://t.co/LUrFRnrGCN pic.twitter.com/jXGAfsqU4H
— SkyNews (@SkyNews) April 27, 2020
Eis o discurso de Boris Johnson:
"Lamento ter-me mantido ausente da minha secretária por muito mais tempo do que gostaria, e quero agradecer a todos aqueles que deram um passo em frente, em particular Dominic Raab, que fez um trabalho fantástico. Mais uma vez, quero agradecer ao povo deste país pela coragem que demonstrou e continua a demonstrar. Sei que, a cada dia, este vírus traz mais tristeza e luto às casas de todo o país. Continua a ser verdade que este é o maior desafio que este país atravessou desde a guerra. Não quero minimizar os problemas que atravessamos, mas também é verdade que estamos a fazer progressos nas admissões nos hospitais e no número de pacientes Covid-19 nas unidades de cuidados intensivos. Há sinais reais de que estamos a atravessar o pico. Graças ao vosso bom-senso, altruísmo e espírito de comunidade, estamos prestes a finalizar essa primeira missão de impedir que o nosso serviço nacional de saúde fique sobrecarregado da maneira trágica que vimos noutros locais. É assim que estamos a começar a inverter a maré.
Se este vírus fosse um adversário físico, e não um assaltante invisível e inesperado, este seria o momento em que começamos, juntos, a atirá-lo ao chão. É um momento de oportunidade, em que podemos aproveitar a nossa oportunidade, mas também de máximo risco. Sei que muitos olham para o nosso aparente sucesso e pensam se não será o momento de facilitar nas medidas de distanciamento social. Sei quão duro e stressante é abdicar, mesmo que temporariamente, de liberdades básicas, como ver amigos, trabalhar, tomar conta das crianças... Deixem-me falar diretamente à economia britânica: percebo a vossa impaciência e ansiedade. Sei que, sem o nosso setor privado, não haverá economia, não haverá dinheiro para pagar os nossos serviços públicos nem maneira de financiar o serviço nacional de saúde. Consigo ver as consequências a longo-prazo da quarentena tão claramente quanto qualquer pessoa. Partilho a vossa urgência, é a urgência do governo, mas temos que reconhecer o risco de um segundo pico, de perder o controlo do vírus e deixar que o ritmo de reprodução regresse a 1. Isso significaria, não só uma segunda vaga de morte e doença, como também um desastre económico. Seríamos forçados a repôr as restrições de maneira a evitar danos maiores.
Sei que é duro, e quero que esta economia regresse o mais rapidamente possível, mas recuso descartar todos os esforços e sacrifícios do povo britânico e arriscar uma segunda vaga. Peço-vos que contenham a vossa impaciência, porque acredito que estamos a chegar ao fim da primeira fase deste conflito. Apesar de todo este sofrimento, já quase tivemos sucesso. Apesar de tantas previsões, não ficámos sem ventiladores nem de camas, não permitimos que o serviço nacional de saúde colapsasse. Pelo contrário, protegeu-nos de um surto que poderia ter sido muito pior. Coletivamente, achatámos a curva. Quando estivermos certos de que esta primeira fase terminou, será altura de seguir em frente para a segunda fase, em que continuaremos a eliminar a doença, mas começaremos, gradualmente, a reabrir a economia. Nesse processo, decisões difíceis serão tomadas, e não podemos prever quando essas alterações irão surgir, mas o governo falará sobre isso nos próximos dias. Quero avisar que essas decisões serão tomadas com a maior transparência possível.
Iremos depender da ciência, mas também procuraremos construir os maiores consensos na indústria e entre partidos, ouvindo os partidos da oposição o mais possível. Posso dizer-vos que há semanas que decorrem preparações que nos permitam vencer a segunda fase deste desafio. Continuem a fazer o que têm feito, a ajudar a que o serviço nacional de saúde salve vidas. Se nós, enquanto país, conseguirmos demonstrar o mesmo espírito de otimismo e energia demonstrados pelo capitão Tom Moore, que faz 100 anos esta semana, e a mesma união que todos demonstrámos nas últimas semanas, não tenho qualquer dúvida de que iremos vencer, ultrapassar isto o mais rapidamente possível e o Reino Unido emergirá mais forte do que nunca".
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