"É imprevisível, neste sentido, se vai ser de um lado [judiciário] ou de outro [Congresso], mas que [o processo de destituição] é um desenlace já anunciado, provavelmente é", afirmou Collor de Mello, ao ser questionado sobre o assunto durante uma entrevista ao portal de notícias UOL.
De acordo com o ex-Presidente brasileiro, alvo de um processo semelhante em 1992, existem dois caminhos que podem terminar com a queda do atual governante.
O primeiro caminho está no Supremo Tribunal Federal (STF), instância judicial máxima do país, que já investiga formalmente uma acusação de interferência política na Polícia Federal feita pelo ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro contra o Presidente brasileiro.
O segundo caminho seria o Congresso, onde Bolsonaro é alvo de inúmeros pedidos de destituição e não possui uma base de apoio consolidada para protegê-lo.
"Pelo que vi isso são favas contadas. Se houver manifestação do Supremo Tribunal Federal indo para o Congresso, será autorizado esse processo imediatamente. Saindo do Supremo esta decisão de torná-lo réu será recebida pelos deputados", declarou Collor de Mello, que atualmente ocupa uma cadeira no Senado (câmara alta parlamentar).
"Isto poderá não caminhar no Supremo [Tribunal Federal]. A Câmara dos Deputados [câmara baixa parlamentar] tem cerca de 20 e tantos pedidos de impeachment [destituição] para serem analisados. O presidente da Câmara dos Deputados será forçado, pelas circunstâncias, a estabelecer qual deles vai retirar dali para iniciar um processo [de destituição]", acrescentou.
Collor de Mello avaliou que a situação se agravou porque Jair Bolsonaro negou reiteradamente instrumentos do regime democrático e isto deverá "pesar contra ele".
Neste ponto, o senador e ex-Presidente concluiu argumentando que há cerca de uma semana Bolsonaro discursou numa ação que defendia uma intervenção militar no país, organizado por seus apoiantes na cidade de Brasília.