A eleição, envolta em contestação e dúvidas legais e técnicas, vai realizar-se apenas por voto por correio, dadas as restrições impostas para travar o contágio do novo coronavírus.
"Imposta pelo partido Lei e Justiça (PiS, no poder), a eleição por correspondência foi aprovada apesar da Constituição e da resolução da Dieta", a câmara baixa do parlamento, escrevem Lech Walesa, líder histórico do movimento Solidariedade, e os dois presidentes que lhe sucederam, Aleksander Kwasniewski (esquerda) e Bronislaw Komorowski (centro-esquerda).
A eleição "não será nem geral nem justa [...] sem garantia de voto secreto e sem possibilidade de um controlo cívico da integridade do processo", sustentam na carta, também assinada pelos ex-primeiros-ministros Marek Belka, Jan-Krzysztof Bielecki, Wlodzimierz Cimoszewicz, Ewa Kopacz, Kazimierz Marcinkiewicz e Leszek Miller, de diferentes quadrantes políticos.
Os signatários afirmam que não vão participar na "pseudo eleição".
A tomada de posição segue-se à do presidente do Partido Popular Europeu (PPE), o ex-primeiro-ministro polaco e ex-presidente do Conselho Europeu Donald Tusk, que na terça-feira apelou ao boicote ao que considera uma "não-eleição".
O PiS, nacionalista, cujo candidato é o Presidente cessante, Andrzej Duda, o favorito nas sondagens, defende a manutenção da eleição a 10 de maio, argumentando que se trata de um imperativo constitucional e que o voto por correspondência garante a segurança dos cidadãos.
Os preparativos estão em curso, mas o PiS não tem ainda garantia de que a lei que autoriza o escrutínio nestas condições reunirá votos suficientes quando for colocada a votação no parlamento a 07 de maio.
Segundo uma sondagem publicada na quarta-feira, apenas um em cada quatro polacos é favorável a organização da eleição a 10 de maio.