Bolsonaro critica ataques contra jornalista durante protesto no domingo

O Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, condenou hoje os ataques sofridos por jornalistas durante uma manifestação da qual ele participou no domingo, em Brasília, contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF) do país.

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Lusa
04/05/2020 17:11 ‧ 04/05/2020 por Lusa

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Bolsonaro

O líder brasileiro afirmou perante um grupo de apoiantes nos portões do Palácio da Alvorada, sua residência oficial em Brasília, que os ataques sofridos por jornalistas no protesto foram promovidos por infiltrados e loucos, e declarou que os responsáveis devem ser punidos.

"Eu não vi nada. Estava dentro do Palácio. Recriminamos qualquer agressão que porventura tenha havido. Se houve agressão, é alguém que está infiltrado, algum maluco e deve ser punido. Não existe agressão. Agora vaia é parte da democracia", afirmou Bolsonaro.

Apesar de dizer que não sabia nenhuma agressão, o governante aparece em um vídeo publicado em suas redes sociais perguntando o que estava a acontecer entre os manifestantes ao observar um tumulto e uma pessoa não identificada que esta perto dele responde: "Eles estão expulsando jornalistas".

A Associação Brasileira de Jornalistas Investigativos (Abraji) condenou o ataque e afirmou que a agressão foi "o resultado da posição de Bolsonaro", que participou pela segunda vez em menos de um mês de atos contra os poderes legislativo e judicial.

"Tais eventos destacam o risco crescente ao qual o discurso belicoso e ultrajante do Presidente da República expõe os jornalistas brasileiros", lê-se no comunicado de Abraji.

Segundo a associação, o fotógrafo Dida Sampaio, do jornal O Estado de S. Paulo, foi derrubado de uma escada onde estava e foi atacado com pontapés e socos no estômago, enquanto o jornalista Fabio Pupo, do jornal Folha de S. Paulo, era empurrado ao defender seu colega.

A equipa do O Estado de S. Paulo e o jornalista Nivaldo Carboni, do portal de notícias Poder 360, que também recebeu um pontapé, tiveram que deixar o local escoltados pela Polícia Militar, segundo a nota da Abraji.

"A deterioração da liberdade de imprensa, promovida pelas autoridades eleitas e funcionários públicos, é um sério risco para a democracia", concluiu o comunicado da associação.

No domingo, cerca de três mil pessoas manifestaram-se em Brasília, em defesa de Bolsonaro e contra o Congresso, sem adotarem a recomendação das autoridades de Saúde de manterem o distanciamento social face ao novo coronavírus.

Com cartazes, carros de som e algumas máscaras na cara, apoiantes do chefe de Estado brasileiro saíram de vários pontos do país em direção à Esplanada dos Ministérios, zona central de Brasília, para pedir a saída do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, acusado por Bolsonaro de conspirar para a sua destituição.

Alguns manifestantes pediam o encerramento do STF e do Congresso, num ataque a dois pilares do sistema democrático brasileiro, o que torna o movimento ilegal e inconstitucional, por ser considerada apologia contra a democracia.

Na manifestação, Bolsonaro declarou, da rampa do Palácio do Planalto, que não iria mais "admitir interferência" em seu Governo e que chegou "ao limite".

O chefe de Estado brasileiro afirmou ter o apoio das Forças Armadas numa transmissão ao vivo em suas redes sociais realizada durante o protesto. Bolsonaro apoiou o ato, mas não se misturou aos manifestantes já que ficou do lado de dentro de um cordão de isolamento formado na frente da sede do Governo brasileiro.

 

 

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