Registada primeira morte de um migrante indocumentado detido nos EUA

A polícia de imigração norte-americana reportou hoje a primeira morte de um migrante indocumentado devido ao novo coronavírus num dos seus centros de detenção, que os ativistas de direitos humanos qualificam como "ratoeiras mortais".

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Lusa
07/05/2020 20:47 ‧ 07/05/2020 por Lusa

Mundo

Coronavírus

"Um preso no centro de detenção de Otay Mesa, com 57 anos, que estava hospitalizado desde fins de abril, morreu ontem [quarta-feira] de manhã com complicações ligadas à covid-19", indicou à agência noticiosa France-Presse (AFP) Sarah Sweeney, porta-voz da agência sanitária do condado de São Diego, na Califórnia, onde se situa a instalação.

Trata-se do primeiro caso de morte ligada à covid-19 conhecido até hoje nos centros de detenção para migrantes nos Estados Unidos, onde foram oficialmente recenseados 705 casos, 132 deles nas instalações de Otay Mesa, gerido por um operador privado.

"Otay Mesa tem o maior número de casos de covid-19 entre todos os centros de detenção da polícia de imigração do país", sublinhou fonte da organização de defesa dos direitos humanos American Civil Liberties Union (ACLU).

"Os migrantes estão detidos na também conhecida por 'ratoeira mortal', devido à ausência de medidas de precaução por parte do pessoal", acrescentou a mesma fonte.

Respeitar as regras de distanciamento físico é quase impossível nos centros de detenção, onde o espaço de 110 metros quadrados é ocupado por 100 detidos, segundo testemunharam à AFP vários reclusos.

Surpreendido pela ACLU, um juiz federal ordenou na semana passada a libertação imediata dos detidos mais vulneráveis que se encontram nos centros.

A organização não-governamental de defesa e promoção dos direitos humanos denunciou que a polícia de imigração norte-americana identificou 130 pessoas que cumprem os critérios da ordem judicial, mas, até hoje, só dois saíram em liberdade.

"Uma dessas pessoas morreu porque a polícia de imigração recusou libertá-lo enquanto tinha uma possibilidade de sobreviver a este vírus mortal", lamentou Monika Langarica, advogada especialista em direitos dos migrantes da ACLU.

"É uma tragédia terrível que era perfeitamente possível prever e evitar. Durante dois meses, os especialistas em saúde pública e os responsáveis pela detenção foram avisados que os centros eram locais propícios para a propagação da covid-19, uma ratoeira mortal para milhares de pessoas", disse, por seu lado, Andrea Flores, diretora adjunta do Departamento de Políticas Migratórias da ACLU.

A polícia de imigração norte-americana ainda não comentou o incidente.

Os Estados Unidos são o país com mais mortos (73.431) e mais casos de infeção confirmados (mais de 1,2 milhões).

Seguem-se o Reino Unido (30.615 mortos, mais de 206 mil casos) Itália (29.958 mortos, perto de 216 mil casos), Espanha (26.070 mortos, mais de 221 mil casos) e França (25.987 mortos, mais de 174 mil casos).

A nível global, segundo um balanço da AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 263 mil mortos e infetou cerca de 3,7 milhões de pessoas em 195 países e territórios. Mais de um 1,1 milhões de doentes foram considerados curados.

 

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