"O mês de maio está a ser muito difícil para o nosso país e temos de tomar as medidas apropriadas no momento certo para poder conter esta doença", disse o ministro da Saúde chileno, Jaime Mañalich.
"A luta por Santiago é a batalha crucial nesta guerra contra o novo coronavírus", explicou o ministro, numa conferência de imprensa.
Este é o mais alto pico de novos casos diários, desde a deteção do primeiro caso de contágio, em 03 de março, e elevou o total de casos de infeção para 34.381, dos quais cerca de 15.000 já recuperaram.
Nas últimas 24 horas, o número de mortos subiu para 347, após a morte de 12 pessoas, a maioria na capital, onde especialistas dizem que os hospitais já estão a 85% de sua capacidade de atendimento.
Ao contrário de outros países da região com menos casos, como a Argentina ou a Colômbia, o Governo do Chile rejeitou desde o início decretar o confinamento nacional e fechar completamente a economia, optando antes por "quarentenas seletivas e estratégicas".
Esta é a primeira vez, desde o início da pandemia no Chile, que a chamada zona da "Grande Santiago", composta por 32 comunas (bairros), entra em quarentena ao mesmo tempo, pois as áreas orientais foram inicialmente confinadas.
A medida anunciada afeta cerca de 8 milhões de pessoas e foi solicitada por diferentes autarcas e organizações médicas, nos últimos dias.
"Estas medidas são necessárias, mas são dolorosas. Podem ser terríveis e temos que estar lá para ajudar os grupos mais vulneráveis", disse o ministro da Saúde, que também anunciou a proibição na rua de pessoas com mais de 75 anos.
O Chile está em estado de emergência, com um toque de recolher obrigatório a partir das 22:00, desde meados de março, com escolas, universidades e fronteiras fechadas, assim como com a maioria das empresas não-básicas.
Os novos casos de contaminação já tinham estabilizado em cerca de 500 por dia, no final de abril, e as autoridades já estavam a falar em exceder o pico de contágio e em voltar ao normal, antes de, no início do mês, ter sido registado um novo aumento de situações.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 290 mil mortos e infetou mais de 4,2 milhões de pessoas em 195 países e territórios.
Mais de 1,4 milhões de doentes foram considerados curados.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), encerraram o comércio não essencial e reduziram drasticamente o tráfego aéreo, paralisando setores inteiros da economia mundial.
Face a uma diminuição de novos doentes em cuidados intensivos e de contágios, vários países começaram a desenvolver planos de redução do confinamento e em alguns casos a aliviar diversas medidas.