"A não observância do distanciamento social nos transportes, nos mercados e em outros espaços públicos pode ser também causa provável das contaminações em massa a que temos assistido", disse o presidente são-tomense na abertura da quarta reunião dos órgãos de soberania sobre a covid-19, desta vez com a presença de representantes da sociedade civil.
Até sexta-feira, havia 240 casos confirmados de infeção pelo novo coronavírus, e sete mortes.
"O novo coronavírus entrou no país e tem vindo a alastrar-se de forma alarmante, vitimando mortalmente uns tantos cidadãos em números considerados preocupantes. Alguns chegam ao hospital em estado crítico, acabam por morrer por não haver condições nas nossas estruturas sanitárias", acrescentou.
Para o chefe de Estado o confinamento geral obrigatório e a cerca sanitária decretados pelo governo ao Distrito de Água Grande não surtiram o efeito esperado.
"Qual foi a eficácia da cerca sanitária ao distrito de Água Grande? Ouvi vozes segundo as quais esperar que dois dias de cerca sanitária para fazer conter a propagação da doença, entre este distritos e os restantes, era pura utopia", referiu Evaristo Carvalho que criticou o governo pela leveza na aplicação das recomendações.
"Não houve um controle rigoroso nesses dias, muita gente pode circular à vontade", disse.
O governante referiu que "muitos médicos, enfermeiros, técnicos de saúde e auxiliares foram contaminados" pela covid-19, incluindo "elementos das forças de defesa e segurança e bombeiros".
Nesta quarta reunião dos órgãos de soberania, que decorreu no palácio presidencial, o presidente são-tomense lamentou que os serviços sanitários do país não tenham colhido as amostras para serem testadas em Portugal aos "doentes hospitalizados de covid-19 e muitos outros profissionais de saúde".
Evaristo Carvalho disse ter conhecimento do desvio nos hospitais de materiais de combate ao novo coronavírus oferecidos por parceiros, exigindo do governo uma "investigação dos materiais que se encontram nos circuitos comerciais".
Em África, há 2.630 mortos confirmados, com mais de 78 mil infetados em 54 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia naquele continente.
Entre os países africanos que têm o português como língua oficial, a Guiné-Bissau lidera em número de infeções (913 casos e quatro mortos), seguindo-se a Guiné Equatorial (522 casos e seis mortos), Cabo Verde (326 casos e duas mortes), São Tomé e Príncipe (240 casos e sete mortos), Moçambique (119 casos) e Angola (48 infetados e dois mortos).
O país lusófono mais afetado pela pandemia é o Brasil, com quase 15 mil mortes e mais de 218 mil infeções.