Alemanha. Conservadores vencem eleições, recorde para a extrema-direita

Os conservadores de Friedrich Merz ganharam claramente as eleições gerais de hoje na Alemanha, marcadas por um aumento sem precedentes da extrema-direita, de acordo com as sondagens das principais televisões alemãs.

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Lusa
23/02/2025 18:22 ‧ há 3 horas por Lusa

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Alemanha/Eleições

Esta viragem à direita, analisa a agência noticiosa France-Presse (AFP) surge numa altura crucial para uma Alemanha surpreendida pelas declarações de choque do Presidente norte-americano, Donald Trump, sobre a guerra na Ucrânia - alinhando-se mais com o invasor russo -, pelos receios de uma rutura na ligação transatlântica e pelas ameaças de aumento das tarifas aduaneiras.

 

Previsto como vencedor há vários meses, o partido conservador CDU e o seu aliado bávaro CSU são creditados com uma pontuação de cerca de 29% nas sondagens realizada à "boca da urna" transmitidas pelos canais públicos de televisão ARD e ADF.

A Alternativa para a Alemanha (AfD) ficou em segundo lugar, com 19,5% a 20%, o dobro de há quatro anos e um resultado histórico para este partido criado em 2013.

A respetiva líder, Alice Weidel, saudou o "resultado histórico" do seu partido. "Nunca fomos tão fortes a nível nacional", declarou. 

No entanto, o campo conservador está a excluir qualquer aliança com a AfD, apesar de um "flirt" parlamentar sobre questões de imigração e segurança durante a campanha eleitoral.

O chanceler cessante, Olaf Scholz, não conseguiu convencer os muitos eleitores indecisos a apoiar o seu Partido Social-Democrata (SPD), que obteve entre 16% e 16,5% dos votos.

Segundo admitiu Scholz, os resultados foram um fracasso sem precedentes para o partido mais antigo da Alemanha.

Os Verdes, aliados do governo de Scholz, também perderam estas eleições, com uma quota de 12-13,5%.

A campanha eleitoral, após a implosão da coligação governamental em novembro de 2024, decorreu num clima interno tenso, com vários atentados mortais envolvendo estrangeiros nas últimas semanas, que abalaram a opinião pública e favoreceram os movimentos de direita e de extrema-direita.

O último ocorreu na sexta-feira à noite. Um jovem refugiado sírio é suspeito de ter esfaqueado e ferido gravemente um turista no Memorial do Holocausto, em Berlim. Segundo a justiça, o agressor pretenderia "matar judeus".

A campanha foi curta e intensa, mas também cheia de acontecimentos, marcada pelo facto de os Estados Unidos terem invertido a sua aliança com os partidos centristas da Alemanha, aliado histórico de Washington.

Durante semanas, o AfD recebeu um forte apoio do círculo de Donald Trump: o seu conselheiro Elon Musk, o homem mais rico do mundo, promoveu constantemente Alice Weidel na sua plataforma X.

As eleições legislativas antecipadas, na sequência da rutura do governo de Olaf Scholz em novembro, realizam-se também na véspera do terceiro aniversário da invasão russa da Ucrânia, que chocou a Alemanha.

O conflito pôs fim ao fornecimento de gás russo barato à Alemanha e contribuiu para a recessão, numa altura em que o país acolhia mais de um milhão de ucranianos.

Perante a perspetiva de um acordo de paz "nas costas" de Kiev e dos europeus, os parceiros da Alemanha querem ver um executivo formado o mais rapidamente possível. Friedrich Merz, que tinha afirmado que o seu objetivo era a Páscoa, deverá dirigir-se ao SPD.

Esta aliança, conhecida como a "grande coligação" ou "Groko" entre as duas formações que dominaram a paisagem política do pós-guerra, é também a preferida pelos alemães, que procuram estabilidade após as incessantes disputas entre o governo tripartido de Olaf Scholz e os Verdes e os liberais do FDP.

Merz afirmou que pretende evitar uma coligação tripartida.

Os resultados dos pequenos partidos e a sua capacidade de ultrapassar o limiar mínimo de 5% dos votos para entrar no Bundestag poderão desempenhar um papel importante neste contexto.

De acordo com as sondagens, o FDP está perto da marca dos 5%, tal como o BSW, uma nova formação conservadora de esquerda que defende a suspensão do fornecimento de armas à Ucrânia. 

O Die Linke, de esquerda radical, confirmou a sua recuperação das últimas semanas (8,5 a 9%).

Leia Também: Social-democrata Scholz assume derrota histórica na Alemanha

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