Trabalho multidisciplinar e boa liderança, a receita para enfrentar crise

A economista Manuela Ferro, vice-presidente do Banco Mundial, disse numa videoconferência com portugueses nos Estados Unidos que a crise sanitária e económica provocada pela covid-19 requer "boa liderança e interação entre saúde pública, economia, finanças e segurança".

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Lusa
27/05/2020 23:16 ‧ 27/05/2020 por Lusa

Economia

Manuela Ferro

Manuela Ferro considerou, numa reunião virtual da sociedade luso-americana de graduados portugueses nos Estados Unidos (PAPS, na sigla em inglês), que a crise económica e a pandemia que se verificam em todo o mundo só vão ser ultrapassadas com a multidisciplinaridade e cooperação entre diversas áreas de trabalho, sem esquecer a necessidade de "fundos a alta escala".

"Nós pensamos sempre que as crises económicas são de natureza económica, mas esta veio da parte da saúde. Do ponto de vista técnico, é interessante porque requer um trabalho multidisciplinar a que não estamos habituados", disse Manuela Ferro na primeira sessão virtual 'PAPSpeakers', realizada no fim de semana.

Em resposta a dúvidas colocadas pelos mais de 50 participantes da videoconferência, a economista explicou que o Banco Mundial está a trabalhar em áreas essenciais como a saúde, apoio a famílias e empresas, e cooperação com governos.

Dado que muitos trabalhadores ficaram desempregados em todo o mundo e que se assiste a uma queda expressiva no consumo, a instituição quer evitar "uma série de bancarrotas de empresas que eram saudáveis antes".

"O que estamos a tentar fazer é não perder as empresas, não perder as pessoas ou o capital humano", explicou a economista.

Segundo a vice-presidente de Política de Operações e Serviços de País, o Banco Mundial procura fontes de financiamento com "baixo custo, baixas taxas de juro" e com prazos de pagamentos longos, para assistir às economias nacionais e responder ao "choque enorme" causado pela pandemia de covid-19.

A sessão virtual da PAPS foi apresentada por Inês Godet e Sílvia Curado, que destacaram que as sessões são abertas a membros e não membros, e que o objetivo principal da organização sem fins lucrativos é partilhar conhecimentos e fomentar "contribuição para a sociedade", criando "uma ponte entre luso-americanos e Portugal".

Na mesma sessão participou o empresário Ricardo Marvão, cofundador da empresa portuguesa Beta-i, uma consultora de inovação colaborativa, que acrescentou que "as pessoas não estão dispostas a investir e a apostar" e que "as empresas estão inseguras" devido à incerteza causada pela pandemia.

"Muitas entidades públicas sentem que agora é o momento de atuar, porque se há uma retração das empresas privadas, tem de haver ajuda das empresas públicas", acrescentou o empresário.

A missão da consultora é "ligar empresas grandes a pequenas e médias empresas", para "encontrar contratos que deem oxigénio por mais uns meses ou anos" às companhias que estão a sofrer mais, disse o cofundador.

"Procuramos soluções no mundo inteiro. O que queremos é que haja uma tecnologia ou serviço que possa ajudar no desafio que estas empresas estão a sentir. Seja parcialmente ou totalmente", disse Ricardo Marvão, acrescentando que a Beta-i está atualmente focada na tecnologia da economia circular, particularmente em plásticos, mobiliário e borracha.

Segundo a organização, a iniciativa PAPSpeakers consiste numa série de "sessões virtuais em que membros PAPS partilham a sua experiência académico-profissional, tópicos da sua especialidade ou projetos (incluindo projetos covid-19)".

"A PAPS acredita que as histórias e experiências dos seus membros e partilha de conhecimento inspirarão outros, incitarão novos contactos e oportunidades de colaboração", adiantou a organização.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 350 mil mortos e infetou mais de 5,6 milhões de pessoas em 196 países e territórios.

Cerca de 2,2 milhões de doentes foram considerados curados.

 

EYL // SR

Lusa/Fim

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