Nenhum estudo científico alargado e rigoroso considerou o medicamento, a hidroxicloroquina, seguro ou eficaz para prevenir ou tratar o novo coronavírus, que provoca a doença Covid-19, e alguns estudos, indicaram até que pode prejudicar quem o toma.
Hoje, numa declaração conjunta com o Governo brasileiro, a Casa Branca afirmou que as doses de hidroxicloroquina tinham sido enviadas para o Brasil para tratamento dos profissionais de saúde, que estão na linha da frente, mas também como terapêutica para aqueles que possam vir a ser infetados com o vírus.
A Casa Branca anunciou ainda que vai entregar 1.000 ventiladores ao Brasil.
O Brasil, agora o país mais atingido da América Latina pela pandemia de Covid-19, continua a registar um aumento de casos de infeção e na semana passada, Trump anunciou que os EUA estavam a restringir as viagens com origem em território brasileiro para impedir a propagação do vírus nos EUA, através dos viajantes.
Trump revelou, em maio, que tomou o medicamento durante duas semanas para se proteger contra o novo coronavírus, apesar das advertências do seu próprio governo de que o mesmo só deveria ser administrado para a Covid-19 num hospital ou ambiente de cuidados de saúde, devido aos efeitos secundários que pode provocar, potencialmente fatais.
O anúncio de Trump de que estava a tomar o medicamento foi criticado por especialistas médicos, que alertaram que as ações do Presidente norte-americano poderiam encorajar outros a usar aquela substância fora de um ambiente hospitalar.
"O povo brasileiro e o povo norte-americano solidarizam-se na luta contra o coronavírus. Hoje, como demonstração dessa solidariedade, anunciamos que o governo dos EUA entregou dois milhões de doses de hidroxicloroquina (HCQ) para a população do Brasil", diz um comunicado emitido também hoje pelo Ministério das Relações Exteriores do Brasil.
O Ministério brasileiro refere que a HCQ será usada como profilático para "ajudar a defender" enfermeiros, médicos e profissionais de saúde do Brasil contra o vírus. Mas que também será utilizada no tratamento de "brasileiros infetados".
No comunicado, o ministério destaca "um esforço de pesquisa conjunto Brasil-Estados Unidos, que incluirá testes clínicos controlados e aleatórios. Esses testes ajudarão em avaliações adicionais sobre a segurança e a eficácia da HCQ, tanto para a profilaxia quanto para o tratamento precoce do coronavírus".
"Seguindo adiante, o Brasil e os Estados Unidos continuarão em estreita coordenação na luta compartilhada contra a pandemia do coronavírus e na resposta regional em curso para salvaguardar a saúde pública, limitar ainda mais a disseminação do coronavírus, avançar no desenvolvimento inicial de uma vacina e salvar vidas", sublinha o ministério no comunicado.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de Covid-19 já provocou mais de 370 mil mortos e infetou mais de 6 milhões de pessoas em 196 países e territórios.
Mais de 2,5 milhões de doentes foram considerados curados.
Em Portugal, morreram 1.410 pessoas das 32.500 confirmadas como infetadas, e há 19.409 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano passou a ser o que tem mais casos confirmados (mais de 2,8 milhões, contra mais de 2,1 milhões no continente europeu), embora com menos mortes (mais de 161 mil, contra mais de 177 mil).
Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), paralisando setores inteiros da economia mundial, num "grande confinamento" que vários países já começaram a aliviar face à diminuição dos novos contágios.
Os Estados Unidos são o país com mais mortos (104.081) e mais casos de infeção confirmados (mais de 1,7 milhões).
O Brasil regista 28.834 mortes e quase meio milhão de casos de infeção pelo novo coronavírus.