"É um ato vergonhoso vindo de um Presidente que, querendo agir contra o seu próprio povo, agarra o livro celestial, o Evangelho, e brande (...), despertando a ira de todas as religiões abraâmicas", disse Rohani numa declaração transmitida pela televisão.
"Nós somos (...) testemunhas de um dos piores dias da história política e social norte-americana e da grande injustiça feita aos negros. O que aconteceu com George Floyd tornou-se um evento mundial (...). Quando uma pessoa inocente é morta, o mundo inteiro torna-se ativo ", acrescentou o Presidente iraniano.
A morte do afro-americano George Floyd por asfixia causada por um polícia, em Minneapolis (norte dos Estados Unidos) em 25 de maio, provocou uma onda histórica de manifestações contra o racismo, contra a brutalidade policial e desigualdades sociais nos Estados Unidos, bem como muitos reações de indignação no mundo.
Na noite de segunda-feira, Trump foi à Igreja de Saint John, um edifício emblemático perto da Casa Branca, danificado no dia anterior por um incêndio.
"Temos um país grande", disse Trump, com uma bíblia na mão direita erguida, após polícias dispersarem violentamente os manifestantes na região para permitir que o chefe de Estado fosse fotografado em frente à "igreja dos Presidentes".
A operação recebeu fortes críticas de líderes religiosos cristãos em seu país.
"A Bíblia é o livro que convida todas as pessoas à paz, serenidade e humanidade. O Evangelho não é um livro que ordena o assassínio de pessoas inocentes", disse Rohani.
"Simpatizamos com o povo norte-americano que hoje se manifesta nas ruas" e "condenamos veementemente os crimes cometidos nos Estados Unidos e a Casa Branca que ordena esses crimes", afirmou o Presidente iraniano.
As tensões entre os Estados Unidos e o Irão, países inimigos há mais de 40 anos, foram exacerbadas desde a ascensão ao poder, em janeiro de 2017, de Donald Trump, que fez do Irão o seu grande inimigo na cena internacional.
Na quarta-feira, o líder supremo iraniano, Ali Khamenei, referiu que a morte de Floyd era um indicativo da "natureza da América" e de sua maneira de oprimir os povos do planeta, incluindo os seus próprios cidadãos.
Pelo menos dez mil pessoas foram detidas desde o início dos protestos e as autoridades impuseram recolher obrigatório em várias cidades, incluindo Washington e Nova Iorque, enquanto o Presidente norte-americano já ameaçou mobilizar os militares para pôr fim aos distúrbios nas ruas.
Os quatro polícias envolvidos na morte de George Floyd foram despedidos, e o agente Derek Chauvin, que colocou o joelho no pescoço de Floyd, foi acusado de homicídio em segundo grau, arriscando uma pena máxima de 40 anos de prisão.
Os restantes vão responder por auxílio e cumplicidade de homicídio em segundo grau e por homicídio involuntário.
A morte de Floyd ocorreu durante a sua detenção por suspeita de ter usado uma nota falsa de 20 dólares (18 euros) numa loja. E
As manifestações contra o racismo estão a ocorrer também em vários países no mundo.