"Devido às restrições relacionadas com a covid-19, assistimos a um aumento dos casos de violação e violência contra as mulheres", disse aos jornalistas o inspetor-geral da Polícia nigeriana, Mohammed Adamu.
"De janeiro a maio, registámos cerca de 717 casos de violação em todo o país", afirmou, acrescentando que foram detidos 799 suspeitos.
A ministra dos Assuntos da Mulher, Pauline Tallen, estimou recentemente que o número de casos de abusos físicos e sexuais contra mulheres e crianças tinha "triplicado", com as vítimas presas em casa à mercê dos agressores, frequentemente familiares.
A Nigéria, o país mais populoso de África, com 200 milhões de habitantes, foi abalado por uma série de homicídios e agressões sexuais contra mulheres nas últimas semanas.
Os ataques desencadearam uma onda de reações indignadas na internet e de protestos de rua, levando as autoridades a reforçarem o compromisso de combater a violência sexual generalizada no país.
Os governadores de todo o país anunciaram um "estado de emergência" para o tema e manifestaram "determinação" em pôr fim à impunidade.
Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), uma em cada quatro mulheres nigerianas é vítima de abuso sexual antes dos 18 anos, sendo que a maioria dos casos não é denunciada.
Em 2019, o país lançou o seu primeiro registo nacional de infratores sexuais, considerado um passo importante na luta contra os abusos.
O Governo impôs várias medidas de contenção e distanciamento físico durante várias semanas, numa tentativa de travar a propagação do novo coronavírus.
As autoridades sanitárias registaram mais de 16.000 infeções e 420 mortes devido à covid-19 na Nigéria.