Segundo o jornal o Globo, dez deputados e um senador tiveram o seu sigilo bancário levantado, sendo a maioria filiada ao Partido Social Liberal (PSL), formação política com a qual Bolsonaro se elegeu Presidente, mas que abandonou no final do ano passado.
Os deputados do PSL Daniel Silveira, Alê Silva, Aline Sleutjes, Bia Kicis, Carla Zambelli, Caroline de Toni, General Girão, Guiga Peixoto, Junio Amaral, assim como o deputado Otoni de Paula, do Partido Social Cristão (PSC) e o senador Arolde de Oliveira do Partido Social Democrático (PSD) foram os parlamentares visados na decisão do magistrado do STF, de acordo com a imprensa local.
Alexandre de Moraes determinou ainda, num inquérito que decorre em sigilo, que algumas redes sociais forneçam relatórios sobre pagamentos efetuados a páginas de apoio a Bolsonaro que fazem apologia a atos antidemocráticos.
A medida visa descobrir se os 'bloggers' e militantes de Bolsonaro estão a ser remunerados por publicações e ataques a instituições democráticas, que pedem o encerramento do Supremo, do Congresso, assim como uma intervenção militar.
Carla Zambelli, uma das deputadas alvo da determinação de Moraes, usou a rede social Twitter para partilhar uma alegada imagem da sua conta bancária, com um total de 5.868 reais (cerca de 1.500 euros), acrescentando que não é "uma deputada corrupta".
"Já adianto aqui o estado atual do meu sigilo bancário, Alexandre de Moraes. Como pode ver, não sou uma deputada corrupta. Não deveria ser atrás destes que o senhor deveria usar toda esta agilidade?", questionou Zambelli, uma forte aliada do Presidente do Brasil.
Já o deputado o Junio Amaral revelou que apenas soube das determinações do juiz pela imprensa, acrescentando que os apoiantes de Bolsonaro não têm direitos garantidos.
"Soube pela imprensa que o meu sigilo bancário estaria a ser quebrado por haver indícios de financiamento a 'atos antidemocráticos'. Pouco me importo para o que verão lá, mas chegamos no extremo. Direitos e garantias fundamentais garantidos, salvo se apoiante do Presidente", escreveu no Twitter.
"Não admitem manifestações espontâneas, sem financiamentos de políticos corruptos (têm muito dinheiro para doar) e empresas que superfaturam junto ao poder público. Estão mal-acostumados e usam isso para quebrar o nosso sigilo bancário. Reafirmo, a intenção é intimidar e 'fritar', apenas", acrescentou o deputado.
Em causa está um inquérito aberto em 21 de abril, por determinação do magistrado Alexandre de Moraes, para apurar a organização de manifestações contra a democracia no país.
Nesse sentido, na manhã de hoje, a polícia brasileira cumpriu mandados de busca e apreensão na residência de aliados do Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, com o intuito de levantar eventuais provas sobre a organização de protestos antidemocráticos, assim como quem os financia.
Entre os alvos da operação estão o deputado federal Daniel Silveira, eleito pelo mesmo partido que o chefe de Estado brasileiro, o PSL.
O deputado informou na sua conta pessoal na rede social Twitter sobre a presença dos agentes da polícia na sua residência.
"Polícia Federal no meu apartamento. Estou de facto incomodando algumas esferas do velho poder. E cada dia estarei mais firme nessa guerra!", escreveu Siqueira.
Também foram alvo das diligências da polícia o publicitário Sérgio Lima e os empresários Luís Felipe Belmonte e Otavio Fakhoury.
Os três são ligados ao Aliança pelo Brasil, partido ainda em processo de formação que foi fundado no ano passado pelo Presidente brasileiro depois de ter abandonado o PSL, na sequência de divergências políticas com antigos aliados.
Também foram alvo das buscas os 'bloggers' Allan dos Santos e Alberto Silva.
Num comunicado, a Polícia Federal explicou apenas que cumpriu, na manhã de hoje, 21 diligências requeridas pela Procuradoria-Geral da República e determinadas pelo juiz Alexandre de Morais, do STF.
"As medidas têm o objetivo de instruir o inquérito n.º 4.828/DF/STF que investiga a origem de recursos e a estrutura de financiamento de grupos suspeitos da prática de atos contra a democracia", explicou a autoridade policial.
Os mandados de busca e apreensão foram cumpridos nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Maranhão, Santa Catarina e no Distrito Federal.