"Ficou claro que precisamos de um acordo rápido. A presidente do BCE [Banco Central Europeu], Christine Lagarde, lembrou-nos que estamos a enfrentar a maior crise económica da história da UE e temos de agir rapidamente", afirmou Angela Merkel, em declarações à imprensa.
Os chefes de Estado e de Governo da União Europeia reuniram-se hoje, através de videoconferência, para discutir "as propostas de Quadro Financeiro Plurianual e Fundo de Recuperação colocadas sobre a mesa pela Comissão", tendo decidido voltar a debater o tema.
Segundo o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, a resposta à crise da covid-19 deverá voltar a ser discutida numa uma cimeira que reúna os líderes europeus presencialmente em Bruxelas, em meados de julho.
Nas declarações feitas por Merkel, a chanceler garantiu que não há divergências quanto à construção legal do plano, que prevê a ida da Comissão aos mercados para financiar um pacote de ajuda de 750 mil milhões de euros, mas admitiu que não há consenso em relação ao montante necessário e à estrutura de apoio.
"Alguns [Estados] defendem que sejam feitos apenas créditos e ajudas a fundo perdido, outros preferem menos empréstimos e mais ajudas", explicou Angela Merkel.
"No entanto, acho que estamos numa posição que já permite começarmos a negociar. As diferentes posições não se tornaram mais radicais", acrescentou.
Merkel explicou ter defendido que o critério para a distribuição das ajudas não deve ser apenas a forma como cada país foi afetado pela pandemia, mas também as repercussões económicas, embora tenha admitido que isso ainda é difícil de definir.
O presidente do Conselho congratulou-se com o sentido de urgência assumido por todos, argumentando que, ao fim de três semanas de consultas bilaterais com os 27 sobre a apresentação das propostas do executivo comunitário, entrou-se "numa nova fase, a da negociação".
"Estou totalmente comprometido em começar de imediato verdadeiras negociações com os Estados-membros, e tencionamos ter uma cimeira física em meados de julho em Bruxelas", adiantou.
Charles Michel adiantou que, antes dessa cimeira, elaborará e colocará sobre a mesa algumas propostas concretas, com vista a aproximar posições, tendo em vista um acordo sobre o plano de recuperação da economia europeia antes das férias de verão.
"É essencial tomar uma decisão tão cedo quanto possível", assumiu.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 450 mil mortos e infetou mais de 8,4 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença começou por afetar a China, mas a Europa tornou-se, em fevereiro, centro da pandemia, embora agora seja o continente americano o que tem mais casos confirmados e mais mortes.
As medidas para combater a pandemia paralisaram setores inteiros da economia mundial e levaram o Fundo monetário Internacional (FMI) a fazer previsões sem precedentes nos seus quase 75 anos: a economia mundial poderá cair 3% em 2020, arrastada por uma contração de 5,9% nos Estados Unidos, de 7,5% na zona euro e de 5,2% no Japão.