"A atuação do secretário-geral tem sido exemplar", afirma Augusto Santos Silva em entrevista à Lusa, afastando para já pronunciar-se sobre uma recandidatura do português ao cargo, por considerar "demasiado cedo para falar disso".
António Guterres "foi muito vigoroso e muito tempestivo, oportuno, quando fez a proposta, que infelizmente nem todas as partes ainda aceitaram, de um cessar-fogo geral, para não acrescentar aos problemas da pandemia os problemas de conflitualidade militar", aponta.
Também "foi e tem sido muito oportuno no seu alerta sobre a gravidade da pandemia em si e das respetivas consequências" e "tem sido incansável na mobilização da comunidade internacional em favor das regiões e dos países mais vulneráveis aos efeitos da pandemia", acrescenta.
O ministro distingue esta ação do Conselho de Segurança da ONU, afirmando que "é triste constatar que ainda não conseguiu sequer uma posição comum sobre a pandemia".
Realça, contudo, que "a grande instância da concertação internacional possível na resposta à pandemia é uma organização das Nações Unidas chamada Organização Mundial de Saúde (OMS)", para frisar a importância da ONU no multilateralismo.
"Nós, sem Nações Unidas não vamos lá, é muito importante ter isso em conta", afirma.
"Não podemos desenvolver o comércio internacional sem a Organização Mundial do Comércio, não podemos cooperar entre nós no âmbito da cultura, da educação, da ciência, sem a UNESCO, não podemos acudir à fome no mundo sem o Programa Alimentar Mundial, não podemos amparar e apoiar os migrantes sem a Organização Internacional dos Migrantes", exemplifica.
Questionado sobre se o Governo português já trabalha para a reeleição de António Guterres, Santos Silva considera que "ainda é cedo para falar disso" e frisa que Portugal respeita "os direitos e a liberdade individual de cada um", uma alusão ao facto de o português não ter anunciado a intenção de voltar a concorrer ao cargo.
Mas acrescenta: "O secretário-geral tem mandato até o fim de 2021 [e] não é segredo para ninguém que nos revemos inteiramente quer no programa, quer na ação do atual secretário-geral das Nações Unidas".