França pede à UE que discuta relação com a Turquia "sem tabus"

França pediu hoje à União Europeia (UE) que discuta "sem tabus" a sua relação com a Turquia, num contexto de tensão entre Paris e Ancara a propósito do conflito na Líbia.

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Lusa
24/06/2020 17:06 ‧ 24/06/2020 por Lusa

Mundo

Líbia

 

"news_bold">"França considera indispensável que a UE abra rapidamente uma discussão de fundo, sem tabus, sem ingenuidade, sobre as perspetivas da relação futura com Ancara e que defenda com firmeza os seus interesses, uma vez que tem os meios" para o fazer, afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Jean-Yves Le Drian, no Senado do parlamento gaulês.

Já antes da atual tensão entre os dois países, em janeiro de 2018, o Presidente francês, Emmanuel Macron, tinha defendido que a UE deve afastar uma futura adesão da Turquia e propor, em alternativa, uma parceria.

Os últimos dias foram marcados por acusações mútuas entre França e a Turquia a propósito do conflito na líbia, onde o poder é disputado entre o Governo de Acordo Nacional (GAN, sediado em Trípoli e reconhecido pela ONU) e o homem forte do leste líbio, o marechal Khalifa Haftar.

Na segunda-feira, Macron acusou a Turquia de jogar "um jogo perigoso na Líbia", onde apoia militarmente o GAN, ao que Ancara respondeu acusando Paris de fazer "um jogo perigoso" naquele país ao apoiar as forças opostas ao Governo de Tripoli e atribuindo a Paris "uma responsabilidade importante na derrapagem da Líbia para o caos".

O chefe de Estado francês considerou na altura a atuação da Turquia na Líbia como "mais uma demonstração" de que a NATO, a que ambos os países pertencem, está "em morte cerebral", lamentando a "fraca denúncia" da Turquia pela Aliança Atlântica de um incidente ocorrido entre navios dos dois países no Mediterrâneo no princípio de junho.

"O aspeto absolutamente escandaloso [daquele incidente] reside no facto de a fragata 'Courbet' estar a participar num exercício da NATO e a fragata turca que a interpelou estar a encobrir uma violação do embargo de armas [à Líbia] decidido pelas Nações Unidas", disse hoje no Senado o ministro.

França acusa por outro lado a Turquia de armar maciçamente as forças do GAN e de ter enviado milhares de mercenários da Síria para a Líbia.

Graças a esse apoio militar, o GAN recuperou no princípio de junho o controlo do noroeste do país, obrigando as forças de Haftar, apoiado pelo Egito e pelos Emirados Árabes Unidos, a recuar.

"São precisos esclarecimentos sobre o papel que a Turquia quer ter na Líbia [...] Assistimos a uma 'sirianização', uma vez que a intervenção da Turquia é feita com o apoio de meios sírios adicionais", disse Jean-Yves Le Drian.

O chefe da diplomacia francesa lamentou ainda que o "reforço do peso" da Turquia na Líbia "se traduz num reforço do peso da Rússia" junto do marechal Haftar, complicando a perspetiva para uma cessação das hostilidades.

O ministro criticou também as pressões constantes da Turquia sobre a UE em relação aos refugiados.

"Para além da compreensão que podemos ter relativamente à presença de refugiados na Turquia, não podemos aceitar que os refugiados sirvam de meio de pressão ou de instrumentalização da Turquia em relação a nós", afirmou.

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