No total, explicou à Lusa Lilybeth Deapera, as autoridades filipinas repatriaram um total de "673 filipinos de Macau, dos quais 368 são trabalhadores".
Só a 18 de junho um avião fretado da Philippine Airlines transportou 222 trabalhares filipinos de regresso ao país.
O número de filipinos que deixaram o território pode ser maior, admitiu a cônsul, já que muitos não informaram o consulado e deixaram o território antes de as fronteiras estarem virtualmente encerradas.
Com cerca de 30 mil trabalhadores não-residentes em Macau, os filipinos são, a seguir aos provenientes do interior da China, a maior nacionalidade com este tipo de visto no território.
Lilybeth Deapera revelou ainda que a operadora de jogo Sands fretou um voo para repatriar os seus funcionários no sábado e que na segunda-feira a Menzies Macau Airport Services fará o mesmo.
A cônsul das Filipinas em Macau disse ainda que as autoridades filipinas "distribuíram um total de 2.073 'packs' a filipinos afetados em Macau".
"Os beneficiários foram na sua maioria trabalhadores que foram despedidos" ou que se encontram em regime de licença sem vencimento, detalhou.
Desde o início da pandemia em Macau foram milhares de pessoas despedidas, na sua esmagadora maioria trabalhadores não residentes e que trabalham nos gigantes complexos dos operadores de jogo na capital mundial dos casinos, em crise devido às restrições fronteiriças em Macau e que, por isso, encontram-se praticamente sem turistas e jogadores.
À margem das corridas dos barcos de dragão em Macau, o chefe do executivo de Macau, Ho Iat Seng, citado hoje num comunicado, disse que "o Governo não pode intervir no procedimento das empresas, e que a situação por si só já é bastante difícil, considerando normal haver alguns promotores de jogo a reduzir o número de trabalhadores".
Em 19 de junho, a operadora de jogo Melco anunciou o despedimento de cerca de 75 funcionários do maior espetáculo do território, House of Dancing Water, e encerrou o espetáculo até ao próximo ano, segundo testemunhos de vários trabalhadores à Lusa.
A 17 de junho, a criação do corredor marítimo especial de e para Hong Kong, até 16 de julho, criou uma nova oportunidade para a saída de trabalhadores de Macau.
Hoje, em conferência de imprensa, as autoridades do território indicaram que mais de 600 bilhetes foram vendidos para o transporte de Macau para Hong Kong e que desde 17 de junho já abandonaram o território 248 pessoas.
Contudo, a cônsul das Filipinas em Macau, defendeu que o número de despedimentos de filipinos "pode não estar diretamente relacionado com isso".
"Apenas dá uma rota alternativa", frisou.
Hoje, a Direção dos Serviços para os Assuntos Laborais divulgou o número de trabalhadores não residentes por ramo de atividade económica em final de maio. Segundo esses dados havia em maio no território 189.274 trabalhadores não residentes, apenas menos 225 trabalhadores do que em maio de 2019.
Hoje, em resposta à agência Lusa, o consulado indonésio, um dos países com mais trabalhadores não residentes em Macau, indicou que "o número de trabalhadores indonésios que deixaram Macau desde o início da pandemia da covid-19 foi insignificante (cerca de 50 pessoas)".
Hoje também, os serviços de saúde anunciaram um novo caso de contágio da covid-19, o primeiro no território desde o dia 09 de abril.
Trata-se de um residente de Macau, de nacionalidade filipina. O homem, de 57 anos, explicou à Lusa fonte dos serviços de saúde, "chegou ao território por ferry (...) vindo de Manila, via Hong Kong".
Macau foi dos primeiros territórios a identificar casos de infeção com a covid-19, antes do final de janeiro. O território registou então uma primeira vaga de dez casos. Seguiu-se outra de 35 casos a partir de março, todos importados, uma situação associada ao regresso de residentes, muitos estudantes no ensino superior em países estrangeiros.
A pandemia de covid-19 já provocou quase 484 mil mortos e infetou mais de 9,5 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China