O pedido da ONG francesa é feito algumas horas depois de um migrante ter sido retirado de urgência do navio humanitário por causa de um grave problema médico sofrido a bordo.
O migrante em questão foi entregue na segunda-feira à noite à guarda costeira italiana numa zona das águas internacionais do Mediterrâneo Central, em frente à costa da ilha italiana de Lampedusa.
"Um homem foi retirado esta noite [segunda-feira à noite] do "Ocean Viking" por razões médicas. Foi transferido para uma embarcação de guarda costeira italiana em águas internacionais em frente a Lampedusa. Cento e dezassete sobreviventes permanecem a bordo do nosso navio e ainda precisam urgentemente de desembarcar num local seguro", declarou a SOS Méditerranée.
Na segunda-feira, a ONG francesa indicou ter feito três pedidos para atracar em Itália ou Malta, referindo então que, até ao momento, não tinha obtido resposta.
Na semana passada, o navio "Ocean Viking", que retomou operações este mês, realizou dois resgates na rota migratória do Mediterrâneo Central, que sai da Argélia, Tunísia e Líbia em direção à Itália e a Malta.
O primeiro resgate envolveu um grupo de 51 pessoas, incluindo uma mulher grávida e uma grande maioria de cidadãos oriundos do Paquistão, que estavam a bordo de uma embarcação de madeira que se encontrava em dificuldades ao largo da ilha italiana de Lampedusa.
Na segunda operação, o "Ocean Viking" salvou outros 67 migrantes, que tentavam fazer a travessia do Mediterrâneo numa embarcação precária, que já tinha sido localizada algumas horas antes pelo avião humanitário de reconhecimento "Moonbird", que está ligado à ONG alemã Sea-Watch.
No total, a embarcação humanitária acolheu um total de 118 migrantes.
Na segunda-feira, a Organização Internacional para as Migrações (OIM) recordou que, e apesar da ameaça da pandemia da doença covid-19 e dos consequentes constrangimentos, o fluxo migratório (as travessias de migrantes irregulares) nas várias rotas do Mediterrâneo, nomeadamente no Mediterrâneo Central, acabou por nunca parar e continua constante.
De acordo com a organização, nos últimos sete dias, a guarda costeira líbia intercetou 618 migrantes irregulares.
A OIM alertou que estas pessoas foram devolvidas à Líbia, país que não é considerado um porto seguro e tem sido um terreno fértil para as redes de tráfico ilegal de migrantes e situações de sequestro, tortura e violações.