A responsável disse ter recebido aqueles dados de estruturas que atuam diretamente no combate à doença e que ainda vai analisar os verdadeiros motivos para a situação que considerou como "bastante grave".
Fatoumata Diallo suspeita que "talvez possa ser" pelo facto de com o estado de emergência os "trabalhadores do sexo" estarem a ter dificuldades financeiras, daí resolverem "usar mais o seu corpo para arranjar dinheiro" ou também pelo facto de os homossexuais não se estarem a precaver melhor.
"Todas essas hipóteses terão que ser cuidadosamente analisadas", observou Fatoumata Diallo, médica formada no Brasil.
Para já, o Secretariado de Luta Contra HIV/Sida, instituição do Governo guineense, aponta que o país tem as mais altas taxas de prevalência da doença a nível da África Ocidental, 5,3%, o equivalente a 44 mil pessoas.
O sexo feminino é dos mais infetados, no grupo etário entre os 19 e 49 anos.
Das 44 mil pessoas infetadas, 15.500 estão em tratamento com antirretrovirais, medicamentos que Fatoumata Diallo disse estarem garantidos "pelo menos até final do ano".
"Não teremos rotura dos antirretrovirais para os 15 mil e tal pacientes em tratamento, o problema é sempre com os restantes", defendeu Diallo.
A responsável observou que o plano operacional de combate à doença na Guiné-Bissau apenas tem garantido 30% das suas necessidades e que são disponibilizados pelo Fundo Global e exorta as autoridades do país a redobrar os esforços no sentido de mobilizar recursos para os restantes 70%.
Fatoumata Diallo ainda não tem "todas as certezas", mas acredita que as mortes em consequência de infeção pela covid-19 poderão também estar relacionadas com o HIV/Sida.
"O Ministério da Saúde tem confirmado que uma grande parcela de pacientes que acabaram por morrer são também portadores do HIV", notou Diallo, exortando os doentes a terem mais cuidado neste período da pandemia provocada pelo novo coronavirus.
A médica pediu aos portadores do HIV que evitem expor-se na rua, que mantenham as distâncias físicas se tiverem de sair de casa, que usem máscara e que reforcem a lavagem das mãos com água e sabão.
As autoridades da Guiné-Bissau renovaram, pela sexta vez consecutiva, o estado de emergência no país até 25 de julho.
O novo coronavírus já infetou mais de 1.600 pessoas na Guiné-Bissau e provocou 24 mortos.