Num comunicado divulgado hoje pela agência de notícias estatal da Coreia do Norte, o alto funcionário do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Kwon Jong Gun, também ridicularizou os pedidos "absurdos" para o regresso à mesa das negociações com os EUA, feitos pela Coreia do Sul.
"Não tencionamos voltar a encontrar-nos, cara a cara, com os Estados Unidos", disse Kwon Jong Gun, no comunicado, rejeitando qualquer hipótese de um encontro com Biegun, que aterrou hoje em Seul, antes de partir para o Japão, na quinta-feira.
O responsável diplomático da Coreia do Norte também desvalorizou o papel de mediador da Coreia do Sul, nas relações com os Estados Unidos.
"Lamentamos ver a Coreia do Sul a esforçar-se tanto a tentar ser o mediador. O tempo dirá se os seus esforços terão sucesso ou se serão ridículos e uma perda de tempo", disse Kwon Jong Gun.
Biegun - que também é o representante especial de Donald Trump na Coreia do Norte - está na Coreia do Sul com uma agenda diplomática diversificada, que inclui a desnuclearização da península coreana como um dos pontos centrais, de acordo com um comunicado do Departamento de Estado norte-americano.
Mas as negociações estão num impasse, após três cimeiras entre Trump e o líder norte-coreano, Kim Jong-un, em 2018 e 2019, em que a Coreia do Norte disse apenas aceitar uma renúncia parcial do seu programa nuclear em troca do alívio imediato das sanções impostas pelo Washington -- uma pretensão rejeitada pelo Presidente dos EUA.
Perante este impasse, nos últimos meses a Coreia do Norte tem repetido que não voltará à mesa das negociações com os EUA, a menos que receba promessas substanciais por parte de Washington.
A Coreia do Norte também tem pressionado a Coreia do Sul, tendo interrompido todas as ligações diplomáticas e fazendo explodir o seu escritório de ligação inter-coreano, em junho passado.
Vários analistas consideram que a Coreia do Norte evitará qualquer nova negociação com os Estados Unidos, preferindo continuar com a estratégia de pressão sobre a Coreia do Sul, procurando ganhar trunfos, para jogar em futuros entendimentos com os norte-americanos.
Outros analistas, referem que Pyongyang está a ganhar tempo, na expectativa de uma mudança de liderança na Casa Branca, após as eleições presidenciais nos Estados Unidos, marcadas para 03 de novembro.
Contudo, alguns analistas, como Leif-Eric Easley, professor da Universidade Ewha, em Seul, não descartam a possibilidade de uma nova cimeira entre Trump e Kim Jong-Un, em breve.
"Normalmente, um Presidente dos EUA não correria esse risco, a pouco tempo de eleições. Mas, olhando para as fracas sondagens, Trump pode encontrar um incentivo em procurar ir mais longe neste roteiro", explica Easley.
A declaração de hoje de Kwon surge dias depois de o primeiro vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da Coreia do Sul, Choe Sun Hui - a quem Biegun descreveu como seu possível parceiro quando as negociações recomeçarem - ter dito que a Coreia do Norte não retomará as negociações, a menos que Washington descarte o que descreve como "políticas hostis".