Presidente da Sérvia admite recuar na reimposição do recolher obrigatório

O Presidente da Sérvia recuou hoje nos planos para reintroduzir o recolher obrigatório em Belgrado após um protesto de milhares de pessoas na noite de terça-feira que degenerou em violentos confrontos com a polícia na capital.

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Lusa
08/07/2020 17:09 ‧ 08/07/2020 por Lusa

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Covid-19 nos homens

 

Milhares de manifestantes envolveram-se em confrontos de rua com as forças policiais e tentaram invadir o edifício do parlamento após o Presidente Aleksandar Vucic ter anunciado na terça-feira a reimposição do recolher obrigatório no país balcânico. Previamente, responsáveis pelos serviços de Saúde tinham anunciado o mais elevado número de mortos num único dia devido à covid-19.

Os opositores acusam o líder sérvio de ter contribuído para o aumento dos números de casos mortais e de novas infeções após ordenar o levantamento das anteriores medidas de confinamento. Consideram ainda que esta decisão em reabrir a economia foi tomada para reforçar o seu poder, na sequência das eleições legislativas de 21 de junho que registaram uma ampla vitória da sua formação conservadora, mas Vucic negou estas alegações.

Hoje, o Presidente sérvio recuou nos seus planos sobre um novo recolher obrigatório que deveria ser aplicado a partir do próximo fim de semana, ao referir que a medida não pode ser aplicada sem a proclamação do estado de emergência a nível nacional.

Vucic disse que "muito provavelmente não haverá recolher obrigatório", apesar de continuar a apoiar as medidas de contenção. Indicou ainda que o seu Governo vai decidir sobre novas medidas, que podem implicar a redução do horário dos clubes noturnos e penalizações para quem não usar máscara.

Numa referência aos incidentes na noite de terça-feira, sugeriu o envolvimento de serviços secretos estrangeiros nos protestos "de manifestantes de extrema-direita e pró-fascistas". No entanto, não identificou as agências de espionagem alegadamente envolvidas e defendeu a atuação da polícia contra as acusações de uso excessivo da força.

"Nunca permitiremos a desestabilização da Sérvia vinda do interior ou do estrangeiro", disse Vucic, acrescentando que o protesto "nada teve que ver com o coronavírus".

A polícia sérvia referiu que 23 pessoas foram detidas no decurso dos confrontos que se prolongaram por seis horas. O chefe da polícia, Vladimir Rebic, referiu à televisão estatal RTS que as autoridades estão a tentar identificar mais participantes nos confrontos que provocaram ferimentos em 43 polícias e 17 manifestantes.

Rebic garantiu que a polícia demonstrou "máxima contenção" e apenas reagiu quando foi absolutamente necessário.

Diversos grupos de direitos humanos em Belgrado denunciaram o que descreveram como brutalidade policial e o Centro de Belgrado para os direitos humanos disponibilizou-se para oferecer apoio judicial à população.

Na terça-feira o Ministério da Saúde revelou que 13 pessoas morreram nas últimas 24 horas na Sérvia e confirmou 299 novos casos da covid-19.

Estes dados elevaram para 16.719 os casos confirmados, incluindo 330 mortos, desde o início da pandemia na Sérvia, que registou um recolher obrigatório dos mais rigorosos em toda a Europa, até uma reabertura quase total no início de maio.

Diversas partidas de ténis e de futebol decorreram em recintos lotados e as eleições legislativas foram convocadas para 21 de junho, apesar dos alertas de peritos sobre as concentrações de pessoas sem distanciamento social que poderiam fomentar uma nova vaga do coronavírus.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 544 mil mortos e infetou mais de 11,85 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Os Estados Unidos são o país com mais mortos (131.480) e mais casos de infeção confirmados (quase 3 milhões).

Seguem-se Brasil (66.741 mortes, quase 1,67 milhões de casos), Reino Unido (44.391 mortos, mais de 286 mil casos), Itália (34.899 mortos e quase 242 mil casos), México (32.014 mortos, mais de 268 mil casos), França (29.936 mortos, mais de 206 mil casos) e Espanha (28.392 mortos, mais de 252 mil casos).

A Índia, que contabiliza 20.642 mortos, é o terceiro país do mundo em número de infetados, depois dos EUA e do Brasil, com mais de 742 mil, seguindo-se a Rússia, com mais de 699 mil casos e 10.650 mortos.

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