Numa declaração emitida na segunda-feira à noite, o Movimento do 05 de junho - Reunião das Forças Patrióticas (M5-RFP) acusou o Governo do Mali de praticar "execuções sumárias premeditadas e detenções arbitrárias" contra os manifestantes e os seus líderes.
O movimento lamentou igualmente que o executivo utilize as forças especiais antiterroristas (Forsat) para reprimir os manifestantes e abafar a reivindicação popular, utilizando "sistematicamente armas de guerra" contra os civis.
O M5-RFP atribui a esta atitude repressiva centenas de feridos, embora o Governo do Mali tenha afirmado que um total de 158 pessoas tinham sido feridas nos protestos, incluindo manifestantes e agentes de segurança.
"A onda de violência que se espalhou pela cidade de Bamako causou perdas de vidas e enormes danos materiais a edifícios e bens públicos, bem como a pessoas e seus bens", disse o executivo numa declaração.
A nota acrescentou que o primeiro-ministro, Boubou Cisse, ordenou uma investigação para determinar a responsabilidade por estes acontecimentos e para avaliar a extensão dos danos causados.
Esta escalada de violência irrompeu na sexta-feira quando a coligação de oposição - formada pelo M5-RFP - declarou desobediência civil até ao derrube do IBK, como é conhecido Ibrahim Boubacar Keita, entre outras exigências.
O "líder espiritual" da oposição do Mali é o xeque muçulmano Mahmud Dicko, mas dissociou-se do caminho de desobediência civil adotado pela maioria da oposição.
Perante a escalada da violência, Mahmud Dicko apelou à calma e pediu que a violência fosse evitada, sem abdicar da sua determinação de derrubar o sistema do Presidente IBK.
"Apelo novamente à juventude maliana para que mostre contenção e calma. Podemos realmente alcançar tudo o que procuramos com paciência e boa educação. É preciso evitar qualquer tipo de violência", disse o xeque à rádio francesa RFI.
Algumas horas após estas declarações, as autoridades malianas libertaram sete líderes do M5-RFP, incluindo Issa Kaou Djim, Clément Dembele, Mountaga Tall, Choguel Maiga e Nouhoum Sarr, que foram presos durante os acontecimentos do fim de semana.
Bamaco e várias outras cidades do Mali foram palco de grandes protestos nos últimos meses contra os resultados das eleições legislativas de abril, as quais deram a vitória aos partidos políticos apoiantes de IBK.
Os grupos da oposição consideram que a atual Assembleia Nacional (parlamento) é ilegítima devido à falsificação dos resultados dessas eleições, e, por conseguinte, apelam à sua dissolução.
Exigem também a demissão do Tribunal Constitucional por legitimar estes resultados e não ter em consideração os recursos dos partidos da oposição, reivindicação que já foi aceite pelo Presidente para tentar acalmar a agitação civil.