"A possibilidade de chegar a acordo este fim de semana é inferior a 50%"
O primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, admitiu não estar otimista sobre a cimeira de líderes europeus que hoje arranca sobre a resposta económica à crise da covid-19, estimando que a possibilidade de chegar a acordo é inferior a 50%.
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Mundo UE/Cimeira
"De momento, não estou otimista, mas nunca se sabe. Ninguém está interessado em reunir-se para outra [cimeira de líderes]", disse Mark Rutte, em declarações prestadas antes do Conselho Europeu extraordinário, o primeiro presencial em Bruxelas desde o início do surto de covid-19.
Naquela que foi a intervenção mais pessimista no arranque da cimeira de chefes de Estado e de Governo da União Europeia (UE), o primeiro-ministro holandês indicou estimar que "a possibilidade de chegar a acordo este fim de semana é inferior a 50%".
Ainda assim, argumentou que, "no final, o conteúdo é mais importante do que a velocidade", observando que "um compromisso fraco não vai levar a Europa mais longe".
Já falando sobre a questão do Estado de direito, Mark Rutte, que falava aos jornalistas junto à Representação Permanente holandesa em Bruxelas, defendeu a existência de uma cláusula para o salvaguardar no orçamento da UE a longo a longo prazo.
O responsável holandês disse, mesmo, que se países como a Hungria insistirem na exclusão desta cláusula, então haverá "um problema muito grande".
Os líderes da UE reúnem-se a partir de hoje em Bruxelas, em busca de um compromisso sobre o plano de relançamento face à crise da covid-19 que todos admitem ser urgente, mas um acordo afigura-se difícil de alcançar.
Naquele que é o primeiro Conselho Europeu presencial dos últimos cinco meses -- a anterior cimeira "física" teve lugar em fevereiro, pouco antes da chegada da pandemia da covid-19 à Europa --, e que deverá prolongar-se pelo menos até sábado, os 27 terão de ultrapassar as muitas diferenças que ainda os separam relativamente às propostas de um Fundo de Recuperação e do orçamento da União para 2021-2027.
A fasquia é alta: aprovar o Quadro Financeiro Plurianual, o orçamento da UE para 2021-2027, de 1,07 biliões de euros, e o Fundo de Recuperação pós-pandemia que lhe está associado, de 750 mil milhões de euros.
Parece haver acordo entre todos os 27 quanto à necessidade de uma resposta urgente à crise, mas as posições quanto às modalidades dessa resposta estão afastadas e, admitem vários dirigentes europeus, o consenso exigido está longe de adquirido e esta pode não ser a cimeira que aprova o orçamento.
Isto porque persistem grandes divergências quanto à distribuição das verbas do fundo de recuperação, que a proposta da Comissão Europeia prevê sejam canalizados em dois terços (500 mil milhões de euros) através de subvenções e um terço (250 mil milhões de euros) de empréstimos em condições muito favoráveis.
Os chamados "países frugais" -- Holanda, Áustria, Dinamarca e Suécia e, em menor grau, a Finlândia - opõem-se à proporção de verbas canalizadas sob a forma de subvenções, defendendo uma maior proporção de verbas por empréstimo e que os fundos sejam condicionados à realização de reformas, que permitam aos países em pior situação fazer face a futuras crises sem ajuda europeia.
A cimeira deve prolongar-se pelo fim de semana.
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