"Nas últimas 24 horas, unidades das Forças Armadas da Arménia usaram espingardas de precisão para violar o cessar-fogo 38 vezes em diferentes setores da frente", afirmou hoje o Ministério da Defesa do Azerbaijão, em comunicado.
Segundo os militares, os arménios dispararam contra posições do Azerbaijão na linha de separação da zona de Nagorgo Karabakh e em alguns setores de fronteira, mas não houve baixas.
Por seu lado, o Ministério da Defesa da Arménia acusou o Azerbaijão de ter cometido 17 violações ao cessar-fogo.
"Na noite de 27 para 28 de julho, a situação na fronteira entre a Arménia e o Azerbaijão foi relativamente calma. O adversário violou o cessar-fogo 17 vezes e disparou 220 tiros com vários tipos de armas contra as posições arménias", escreveu um porta-voz do Ministério da Defesa da Arménia, Shushán Stepanián, numa mensagem publicada no Facebook.
Desde o agravamento da situação na fronteira entre os dois países, as autoridades do Azerbaijão reconheceram 12 mortes dos seus militares, incluindo a de um general.
A Arménia registou seis militares mortos e nove feridos.
Os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, discutiram, em conversa telefónica, o agravamento da situação na fronteira entre Azerbaijão e Arménia na segunda-feira à noite.
"Vladimir Putin sublinhou a importância de impedir qualquer tipo de ação que promova a escalada da tensão", afirmou o Kremlin em comunicado, referindo que a conversa foi realizada por iniciativa do lado turco.
O telefonema foi feito horas depois de o Ministério da Defesa do Azerbaijão ter anunciado exercícios militares por terra e ar em conjunto com a Turquia.
A Turquia é o grande aliado do Azerbaijão, assim como a Rússia é o da Arménia, estando este país entre os membros da Organização do Tratado de Segurança Coletiva, uma aliança pós-soviética liderada por Moscovo que permite àquele país pedir ajuda caso o seu território seja atacado.
O conflito entre o Azerbaijão e a Arménia remonta aos tempos da União Soviética.
Em finais da década de 1980, o território do Azerbaijão Nagorno Karabakh, que é habitado maioritariamente por arménios, pediu a sua incorporação na vizinha Arménia, o que resultou numa guerra que causou cerca de 25 mil mortos.
No final dos combates, que se prolongaram até 1994, as forças arménias ficaram com o controlo de Nagorno Karabakh e também ocuparam vastos territórios do Azerbaijão, que ficou conhecida como 'franja de segurança'.
O Azerbaijão defende que a solução para encontrar uma solução com a Arménia passa necessariamente por uma libertação dos territórios ocupados, pedido que já foi apoiado por várias resoluções do Conselho de Segurança da ONU.
A Arménia, por seu lado, apoia o direito à autodeterminação de Nagorno Karabakh e defende a participação dos representantes do território separatista nas negociações sobre uma solução para o conflito.