Covid-19: Trump autoriza tratamento com plasma de doentes recuperados

O Presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou no domingo a autorização do tratamento da covid-19 com plasma sanguíneo de doentes recuperados, já largamente utilizado nos EUA, após expressar frustração com o ritmo lento de aprovação de terapias da doença.

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Lusa
24/08/2020 06:29 ‧ 24/08/2020 por Lusa

Mundo

Covid-19

O anúncio foi feito dias depois de funcionários da Casa Branca terem sugerido a ocorrência de atrasos politicamente motivados pela Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA, na sigla inglesa) na aprovação de uma vacina e de protocolos terapêuticos para a doença, para minar a campanha para a reeleição de Donald Trump.

A ordem emitida pelo Presidente norte-americano acontece na véspera da Convenção Nacional Republicana, agendada para hoje em Charlotte, na Carolina do Norte, onde os delegados do Partido Republicano vão escolher Donald Trump como candidato às eleições presidenciais de novembro.

O plasma sanguíneo retirado de pacientes que recuperaram do coronavírus que provoca a doença covid-19, rico em anticorpos, pode trazer benefícios para aqueles que lutam contra a doença. Mas as provas até agora não têm sido conclusivas sobre se funciona, quando administrá-lo e qual dose necessária.

Numa carta em que descreve a autorização hoje anunciada por Trump, a cientista chefe da FDA, Denise Hinton, sublinhou que "o plasma de um convalescente de covid-19 não deve ser considerado um novo padrão de cuidados para o tratamento de pacientes com covid-19. Serão divulgados dados adicionais de outras análises e ensaios clínicos em curso e bem controlados nos próximos meses".

A acusação pela Casa Branca sobre atrasos politicamente motivados pela burocracia da FDA na aprovação do tratamento com plasma foi apenas o último assalto da equipa de Trump contra os procedimentos do que chamou "Estado profundo".

Mark Meadows, chefe de gabinete da Casa Branca, acusou, numa entrevista esta semana à estação de televisão ABC, "um certo número de pessoas", que não identificou, "que não estão a ser tão diligentes como deveriam para chegar ao fundo da questão. Este Presidente tem a ver com a redução da burocracia", afirmou.

O anúncio de hoje acontece um dia depois de Trump ter avançado na rede social Twitter com duras críticas ao processo de desenvolvimento de um tratamento para a covid-19, que já matou mais de 175.000 norte-americanos e ameaça fortemente as suas hipóteses de reeleição nas presidenciais de novembro próximo.

O "Estado profundo, ou quem quer que seja, na FDA está a tornar muito difícil às empresas farmacêuticas conseguirem que se testem as vacinas em pessoas", escreveu Trump. "Esperam adiar a resposta até depois de 3 de novembro. Devem ser concentrar-se na rapidez e salvar vidas!", acrescentou.

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