"Um autocarro que se dirigia a alta velocidade na direção de uma coluna militar [francesa] foi objeto de sinalização verbal e gestual, após um primeiro tiro de alerta, devido à grande ameaça de veículos suicidas", sublinha o documento divulgado pelo Estado-Maior do exército francês, noticiado pela agência AFP.
O documento explica que, no entanto, "as primeiras medidas não reduziram a velocidade do autocarro", no incidente que aconteceu a cerca de 50 quilómetros a oeste de Gao [nordeste do Mali].
"Um segundo tiro de advertência direcionado ao solo foi disparado. Duas balas ricochetearam no solo e atravessaram o para-brisas, ferindo três passageiros, um deles gravemente", acrescenta.
O comunicado revela ainda que o ferido grave foi transportado de helicóptero para o hospital da força militar francesa Barkhane em Gao" mas "morreu devido aos ferimentos".
A junta militar, que está no poder há duas semanas no Mali, anunciou hoje que vai reunir os partidos e a sociedade civil no sábado e domingo, para consultas sobre a transição que deverá devolver o poder aos civis, após um primeiro momento de três dias de negociações sem acordo.
Desta vez, entre os participantes irá estar o Movimento de 5 de Junho - Reunião das Forças Patrióticas (M5-RFP), uma das figuras da crise por ter liderado o protesto contra o presidente Ibrahim Boubacar Keita, até ocorrer o golpe militar.
O M5-RFP tinha manifestado a sua indignação por não ter sido convidado para as primeiras negociações.
"Estas reuniões têm como objetivo chegar a um acordo sobre a transição, definir a arquitetura e os órgãos da transição e, finalmente, contribuir para o desenvolvimento da carta de transição", explicou a junta em comunicado.
Independente desde 1960, o Mali viveu, em 18 de agosto, o quarto golpe militar na sua história, depois dos episódios ocorridos em 1968, 1991 e em 2012.
A junta militar que tomou o poder há duas semanas libertou o antigo Presidente, Ibrahim Boubacar Keita, na quinta-feira.
Além da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e da União Africana, a ação militar já foi rejeitada pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pela União Europeia (UE).
Portugal tem no Mali 74 militares integrados em missões da ONU e da UE.
Antigo primeiro-ministro (1994-2000), Ibrahim Boubacar Keita, 75 anos, foi eleito chefe de Estado em 2013, e renovou o mandato de cinco anos em 2018.