Covid-19: Fechar escolas deve ser última medida a adotar

A diretora do Centro Europeu para Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) defendeu hoje que o encerramento das escolas na Europa devido à covid-19 deve ser "a última medida a adotar", devido ao impacto na educação das crianças.

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Lusa
02/09/2020 14:13 ‧ 02/09/2020 por Lusa

Mundo

CDC

 

"news_bold">"As escolas são uma parte essencial da sociedade e vida das crianças [...] e, por isso, concluímos que fechar as escolas deve ser a última medida a adotar, se necessário", para conter a pandemia, afirmou Andrea Ammon.

Intervindo por videoconferência na comissão de Saúde Pública do Parlamento Europeu, em Bruxelas, a responsável destacou que, "no caso de países que reabriram as escolas mais cedo", após o confinamento geral na Europa, "não se registaram aumentos nos contágios" nestes estabelecimentos de ensino.

Acresce que "as crianças raramente são afetadas pelo vírus e isso manteve-se durante todos estes meses" de covid-19 na Europa, acrescentou Andrea Ammon, ilustrando que "menos de 5% das pessoas infetadas têm menos de 18 anos".

"As crianças têm sintomas mais leves e [...] menos hospitalizações", reforçou a especialista.

Por outro lado, continuou a responsável, "houve exemplos de que fechar as escolas [como medida de contenção] teve impacto na educação e nas capacidades das crianças", observou Andrea Ammon.

Ainda assim, a responsável admitiu ser "difícil avaliar a contribuição real do encerramento das escolas para a redução" das infeções, sendo ainda "inconclusivo dizer se é útil ou não, do ponto de vista da propagação, fechar as escolas".

Para evitar focos de infeção, Andrea Ammon frisou que "as escolas não podem abrir como dantes", devendo agora "seguir medidas como o distanciamento físico, a higiene das mãos, o fim de aglomerados e a introdução de horários rotativos".

"É preciso colocar medidas em prática para reduzir a transmissão", insistiu, reconhecendo porém que "isso vai sempre depender da situação local e do espaço existente".

Já relativamente ao regresso ao trabalho, Andrea Ammon notou que isso só deve acontecer "quando o teletrabalho não é uma opção".

A responsável recordou, ainda, a existência de alguns surtos em locais de trabalho nos últimos meses, em sítios como fábricas, o que "aconteceu devido à proximidade física dos trabalhadores", por estarem em instalações partilhadas, com má ventilação, e por partilharem transportes, entre outros fatores.

Estas declarações são semelhantes às do chefe-adjunto do programa de doenças do ECDC, Piotr Kramarz, que em entrevista à agência Lusa publicada no passado sábado considerou que as escolas podem reabrir na Europa, dado não se terem registado muitos surtos nestes estabelecimentos, mas aconselhou as empresas a manterem o teletrabalho.

"Consideramos que, tendo em conta os dados disponíveis, as crianças e as escolas não são as maiores fontes de propagação desta pandemia", disse Piotr Kramarz à Lusa.

Por essa razão, "os países deverão abrir as suas escolas [em setembro] e sugerimos algumas medidas para serem adotadas, que devem ser coerentes com as restantes regras da comunidade, como tentar aumentar o distanciamento físico entre alunos", acrescentou o cientista.

Numa altura em que vários países europeus, incluindo Portugal, preparam o regresso físico às aulas e ao trabalho presencial, que estiveram suspensos para serem realizados à distância durante vários meses devido às regras de contenção para a pandemia de covid-19, Piotr Kramarz defendeu que "o teletrabalho é uma medida que deve continuar a ser considerada nos próximos tempos", "especialmente agora" dado os aumentos nos números de casos.

A pandemia do coronavírus que provoca a covid-19 já provocou pelo menos 851.071 mortos e infetou mais de 25,5 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 1.827 pessoas das 58.633 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.

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