"O número de casos aumentou nos últimos dias em todo o Reino Unido. Estou obviamente preocupado. Mas uma segunda vaga não é inevitável, depende das ações que todos tomarmos. Claro que o Governo está preocupado e mantemos todas as opções abertas, mas todos têm um papel", afirmou, durante uma audição com a comissão parlamentar para a Saúde e Assistência Social.
Além do sistema de teste e rastreamento e da aplicação de restrições para conter surtos locais, referiu as recomendações do Governo à população para lavar as mãos, manter o distanciamento social e usar máscaras, uma campanha resumida com o slogan "Hands, Face, Space" [mãos, cara, espaço].
"As pessoas devem levar a sua responsabilidade a sério e não devem relaxar relativamente ao vírus", alertou Hancock.
Há cerca de duas semanas que o Reino Unido tem registado diariamente mais de mil novas infeções, tendo no domingo e segunda-feira identificado quase três mil novas infeções.
O aumento tem sido mais acentuado entre os jovens entre 17 e 21 anos, mas há uma tendência geográfica crescente em todo o Reino Unido.
Isto levou a que a taxa de novos positivos em sete dias tenha ultrapassado a barreira de 20 casos por 100.000 habitantes, um indicador usado até agora para determinar que passageiros de certos países tenham de fazer quarentena na chegada ao Reino Unido.
O epidemiologista John Edmunds, professor na Escola de Medicina Tropical e Higiene de Londres e membro do grupo de cientistas que assessoram o governo, disse que o número de casos está a aumentar "exponencialmente" e que o país está a atravessar um "período de risco".
"Podemos ver que a epidemia está a aumentar novamente. Portanto, não acho que tenhamos chegado ao ponto em que a epidemia foi controlada e permite que a economia volte a alguma forma de normalidade", afirmou, em declarações à estação ITV.
Um maior contacto social, sobretudo em espaços interiores, e o início das aulas nas escolas e universidades, estão a contribuir para a situação.
O aumento de casos no Reino Unido acontece depois de um agravamento da situação epidémica em Espanha e França, onde o número de pacientes com covid-19 hospitalizados subiu drasticamente desde o final de julho.
"Fomos capazes de relaxar um pouco durante o verão, os níveis de doença têm sido muito baixos no Reino Unido durante o verão, mas estes últimos números realmente mostram que, por mais que as pessoas gostassem de dizer 'ah boa, já passou', não passou", disse o Subdiretor-Geral da Saúde de Inglaterra, Jonathan Van-Tam, à BBC.
O Reino Unido registou até segunda-feira 41.554 mortos durante a pandemia covid-19, o número mais alto na Europa e o quinto a nível mundial, atrás dos EUA, Brasil, India e México.
Porém, este número deixa de fora os casos suspeitos não verificados por teste. Estatísticas oficiais de mortes cuja certidão de óbito refere o covid-19 já ultrapassou os 57.300 mil no Reino Unido.
A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 889.498 mortos e infetou mais de 27,1 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.