Até agora não há informação de vítimas, numa altura em que os bombeiros continuam sem conseguir aceder às tendas e contentores de alojamento.
Segundo o presidente da câmara da pequena localidade de Moria, Yiannis Mastroyiannis, o incêndio deflagrou depois de os 35 requerentes de asilo que tiveram resultado positivo no teste de covid-19 terem recusado ser transferidos para um centro de isolamento.
A partir desse momento, começaram os confrontos entre os refugiados, tendo alguns começado a atear fogos, tanto no interior do recinto como no olival que rodeia o campo, de acordo com a mesma fonte, citada pela agência de notícias espanhola Efe.
Por causa dos ventos fortes, as chamas espalharam-se rapidamente e destruíram quase tudo, especialmente contentores e tendas, indicou.
Mastroyannis disse à cadeia de televisão Skai que os incêndios estão sob controlo e que os residentes fugiram do campo e se encontram na sua maioria nas proximidades de Moria.
Milhares fugiram do acampamento e dirigiram-se à localidade vizinha de Mytilene, tendo a polícia bloqueado o acesso à cidade, situada a cerca de oito quilómetros de distância, para evitar uma emergência sanitária, já que o campo de refugiados estava em quarentena, devido a um surto de covid-19.
O responsável governamental do campo de refugiados, Manos Logothetis, disse que o campo tinha sido completamente evacuado e que o desafio agora é encontrar alojamento para as 13 mil pessoas que lá viviam.
De acordo com os meios de comunicação locais, a possibilidade de os deslocar para uma praia próxima está a ser considerada, até ser encontrada uma solução.
O incêndio ocorreu uma semana após ter sido detetado o primeiro caso de covid-19 no campo de Moria, e um dia depois de as autoridades sanitárias terem confirmado que, entre as duas mil pessoas que tiveram contacto com o doente, 35 testaram positivo, tendo de ser isoladas. Só um apresentou sintomas.
O 'paciente zero' é um somali de 40 anos que já tinha obtido o estatuto de refugiado e se mudou para Atenas em agosto, para procurar emprego, sem sucesso, acabando por decidir regressar a Moria, onde tinha montado uma tenda no olival que rodeia o campo.
Várias organizações humanitárias têm vindo a alertar há vários meses que o campo é um barril de pólvora, por causa da sobrelotação e das más condições sanitárias.
Desde o início da pandemia, o Governo grego deslocou mais de mil pessoas deste grupo para o interior do país.
Até ao momento não se registou qualquer óbito por covid-19 nos campos de refugiados da Grécia.