Vítimas da crise na Nicarágua apelam à comunidade para a saída de Ortega

Opositores associados em organizações de vítimas da crise sociopolítica que a Nicarágua atravessa desde 2018 pediram hoje à comunidade internacional que não reconheça o sandinista Daniel Ortega como Presidente "por violação dos direitos humanos e violação da ordem constitucional".

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Lusa
11/09/2020 00:04 ‧ 11/09/2020 por Lusa

Mundo

Nicarágua

 

A petição foi feita pelos movimentos Nicaraguenses no Mundo (NEEM), Organização das Vítimas de Abril (OVA), União para a Nicarágua (UGN), Grito de Abril, Nicaraguenses no Exílio (NE), e a Associação de Familiares dos Presos Políticos (AFPP), com o objetivo de lembrar à comunidade internacional "a urgência" de Ortega deixa o poder que detém desde 2007.

"Como a Comissão Interamericana dos Direitos Humanos (CIDH) descobriu, o regime mergulhou o país numa crise ao estabelecer um estado de sítio e emergência que viola todos os direitos humanos", explicaram os peticionários numa proclamação sobre a "ilegitimidade" de Ortega como chefe de Estado.

"Todos os esforços diplomáticos feitos até agora pela Organização dos Estados Americanos (OEA) foram infrutíferos, incluindo os que visavam a reforma eleitoral.

Estas violações e ruturas da ordem democrática ameaçam a paz na região da América Central e Caraíbas, acrescentam os nicaraguenses, que estão distribuídos em vários países das Américas, Ásia e Europa.

Os nicaraguenses apelaram igualmente à comunidade internacional para que tome "todas as medidas" para "enfraquecer a capacidade económica, política e militar do regime" e a estabelecer "prazos concretos para a restauração de todas as liberdades, começando pela libertação dos presos políticos".

Também "a liberdade de mobilização, organização e expressão, o regresso do exílio com garantias, e o desarmamento dos paramilitares com observação internacional" foram reclamados.

Apelaram ainda à oposição organizada para "pôr de lado todos os interesses pessoais e partidários" e se unir em torno da bandeira azul e branca, trabalhando em conjunto para aumentar toda a pressão nacional e internacional para que a Nicarágua possa voltar a ser uma República.

Os grupos também convidaram as pessoas a participar no chamado "desfile patriótico mundial", que consiste em "cada nicaraguense tornar pública (este mês) a proclamação do repúdio do regime, visitando os ministérios dos Negócios Estrangeiros de cada país, pedindo o desrespeito de Ortega e que ele seja declarado ilegítimo no poder".

O "desfile da pátria mundial", que coincide com o mês da pátria na Nicarágua, incluirá a visita de nicaraguenses "a todos os lugares emblemáticos de cada país, em todos os cantos do mundo, recordando a urgência da liberdade dos presos políticos e da libertação da Nicarágua".

Desde abril de 2018 que a Nicarágua vive uma crise sociopolítica que causou pelo menos 328 mortos, segundo a CIDH, embora os organismos locais tenham aumentado o número para 684 e o Governo tenha reconhecido 200 e denunciado uma alegada tentativa de golpe.

De acordo com o relatório do Grupo Interdisciplinar de Peritos Independentes (GIEI), anexo à CIDH, o principal perpetrador da violência é o Governo Ortega, que considera responsável por cometer mesmo crimes "contra a humanidade" no meio da crise.

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