"A crise migratória de 2015 provocou muitas divisões entre os Estados-membros e ainda existem feridas abertas, apesar de ter sido feita muita coisa entretanto", afirmou Ursula von der Leyen, no seu primeiro discurso sobre o Estado da União enquanto presidente do executivo comunitário.
Apontando que "a migração sempre foi uma realidade do continente europeu, [já que] foi a migração que definiu as sociedades e a cultura europeias", a líder do executivo comunitário argumentou que a UE "pode chegar a um compromisso, respeitando completamente os seus princípios", relativamente a esta matéria.
Por isso, a proposta que a Comissão Europeia irá apresentar na próxima semana para novo pacto migratório prevê uma "nova visão humanitária", no âmbito da qual "deixou de ser uma mera opção salvar vidas do mar".
Acresce que "os países [europeus] mais expostos precisam de contar com toda a solidariedade da UE", defendeu, vincando que "a Europa precisa de agir em conjunto" e que cada Estado-membro deve "fazer a sua parte" relativamente às migrações.
Ao mesmo tempo, com o novo pacto migratório, a Comissão Europeia quer "uma definição clara entre asilo e retorno", bem como "vias jurídicas seguras" e medidas mais apertadas contra o tráfico.
"Aqueles que têm o direito de permanecer devem integrar-se e sentir-se bem-vindos", disse Ursula von der Leyen.
Já numa alusão aos incêndios da semana passada no campo de refugiados de Moria, o maior da Europa na ilha grega de Lesbos, a responsável considerou que "o que aconteceu foi um exemplo doloroso".
E anunciou que "a Comissão está, juntamente com o Governo grego, a criar um plano para um novo campo em Lesbos para acelerar os processos de asilo, melhorando também as condições para os refugiados".
Num longo discurso, de quase uma hora, Ursula von der Leyen abordou também a parceria europeia com África, vincando que os dois continentes "não são apenas vizinhos, mas sim parceiros naturais".
"África será um parceiro chave na construção do mundo em que queremos viver, quer seja no clima, digital ou comercial", frisou, pedindo uma "parceria de igual para igual".