Hoje dois centros hospitalares de Israel, um o de Jerusalém e outro o de Ashdod, anunciaram que já não têm capacidade para aceitar novos pacientes, depois de o número de grave atingir a cifra de 651, dos quais 160 ligados a ventiladores.
O hospital de campanha militar vai disponibilizar 200 camas adicionais, pessoal de saúde e paramédicos do exército, ficando sob tutela do Ministério da Saúde, explicou a Defesa em comunicado.
Israel iniciou na passada sexta-feira um segundo confinamento nacional com limitações a movimentos, ainda que exista uma larga lista de exceções, e o Governo admite endurecer as restrições para conter as infeções.
De acordo com um relatório dos serviços de informação militar, a mortalidade aumentou 5% por dia durante o mês de setembro e o país chegou a superar os 5.500 casos diários de novos contágios na semana passada. Além disso, 1.260 pessoas morreram desde o início da pandemia, em março, devido à covid-19.
O atual confinamento tem uma duração prevista de três semanas, extensível se Israel não conseguir aplanar a curva de contágios, coincidindo este período com feriados importantes no país, como o Yom Kipur ou Dia do Perdão, um dos feriados mais importantes do calendário judaico.
O gabinete dedicado ao novo coronavírus reúne-se na terça-feira para avaliar o efeito das restrições e o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, não descarta endurecer o confinamento, encerrando mais locais de trabalho que não sejam considerados essenciais, por exemplo.
Israel foi um dos primeiros países a impor bloqueios mais abrangentes na primavera, fechando as fronteiras e forçando o encerramento de muitas empresas, medidas que conseguiram baixar o número de novos casos para apenas algumas dezenas por dia em maio.
Mas a economia reabriu abruptamente e um novo governo foi empossado, mas ficou paralisado por lutas internas. Nos últimos meses, as autoridades anunciaram várias restrições apenas para as ver ignoradas ou revertidas, mesmo com os novos casos a atingirem níveis recordes.
Em Israel, o Governo enfrenta duras críticas à sua resposta ao vírus e à crise económica desencadeada pelo bloqueio da primavera. Netanyahu, que está a ser julgado por corrupção, tem sido alvo de protestos semanais junto à residência oficial. A comunidade ultraortodoxa insular de Israel, que tem um alto índice de infeção, revoltou-se contra as restrições, especialmente aquelas que visam encontros religiosos.
Em Telavive, centenas de pessoas protestaram contra o novo confinamento na quinta-feira, incluindo médicos e cientistas que o consideram ineficaz.
Amir Shahar, chefe de um departamento de emergência na cidade de Netanya e um dos organizadores da manifestação, disse que o bloqueio é "desastroso" e fará "mais mal do que bem".