Países africanos pedem ajuda contra "apocalipse" da pandemia

Vários líderes africanos pediram hoje, durante o terceiro dia do encontro anual de líderes das Nações Unidas, ajuda para a sobrevivência das suas economias à pandemia de covid-19, que um chefe de Estado apelidou de "quinto cavaleiro do apocalipse".

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Lusa
24/09/2020 20:29 ‧ 24/09/2020 por Lusa

Mundo

Covid-19

Durante as suas intervenções, chefes de Estado africanos destacaram a necessidade da libertação de recursos -- em particular o cancelamento de dívidas -- para combater a doença e o coronavírus que a provoca (SARS-CoV-2), assim como os seus efeitos em países afetados por condições endémicas, como a malária e o VIH.

Os países africanos estimam necessitar de 100 mil milhões de dólares (85,65 mil milhões de euros) anuais durante os próximos três anos e apontam que o valor é uma fração dos biliões de dólares que alguns países estão a utilizar para a recuperação das suas economias.

"Precisamos única e simplesmente de cancelar estas dívidas", afirmou o Presidente do Níger, Issoufou Mahamadou, citado pela agência noticiosa Associated Press (AP).

O Presidente da Costa do Marfim, país que apresentava um dos maiores crescimentos económicos no mundo antes da pandemia, pediu uma extensão das moratórias para as dívidas, assim como a emissão de direitos de saque especiais junto do Fundo Monetário Internacional.

"Apelo a todos os parceiros de África para que tomem medidas mais arrojadas", disse Ouattara, assinalando que o combate à covid-19 e aos seus efeitos económicos representa 5% do Produto Interno Bruto (PIB) do seu país.

De acordo com a AP, um responsável da Organização Mundial da Saúde sublinhou hoje que apenas 51% das unidades de saúde na África subsaariana têm serviços básicos no que toca ao acesso à água.

Nos seus discursos perante líderes de todo o mundo, os chefes de Estado africanos destacaram o que Ouattara apelidou de "resiliência extraordinária" face ao vírus, mas defenderam a necessidade de ajuda.

O Presidente da Costa do Marfim assegurou que o seu país irá investir três mil milhões de dólares (2,57 mil milhões de euros) nos serviços de saúde entre 2021 e 2025.

A presença e os efeitos da covid-19 em África, com uma população de 1,3 mil milhões de pessoas, têm sido menos graves que o antecipado, com o continente a registar mais de 1,4 milhões de casos.

Entre os possíveis fatores para a incidência, encontram-se a baixa média de idades, a chegada tardia do vírus ao continente e as pesadas medidas de contenção aplicadas pelos governos, que resultaram em fortes consequências económicas.

O Presidente do Burkina Faso, Roch Marc Christian Kaboré, recordou o discurso do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, que no início do ano alertou para os "quatro cavaleiros do apocalipse", que incluíam as tensões geopolíticas e as alterações climáticas.

"Infelizmente, (...) menos de dois meses depois, um quinto cavaleiro do apocalipse, o coronavírus, apareceu", disse o Presidente do Burkina Faso.

Em África, há 34.839 mortos confirmados em mais de 1,4 milhões de infetados em 55 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia no continente.

A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 978.448 mortos e quase 32 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

As medidas para combater a pandemia paralisaram setores inteiros da economia mundial e levaram o Fundo monetário Internacional (FMI) a fazer previsões sem precedentes nos seus quase 75 anos: a economia mundial poderá cair 4,9% em 2020, arrastada por uma contração de 8% nos Estados Unidos, de 10,2% na zona euro e de 5,8% no Japão.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

 

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